São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010 |
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CRÍTICA RESTAURANTE Vila das Meninas tem atmosfera caseira e comida de ar mineiro Cardápio da casa foi montado a partir do repertório pessoal das proprietárias, do interior de Minas Gerais JOSIMAR MELO CRÍTICO DA FOLHA Para muita gente, sentir-se em casa num restaurante é o melhor benefício que um lugar pode conferir. Não é um valor absoluto, pois, claro, outros comem fora justamente para sentir-se fora de casa. O Vila das Meninas vai na primeira vertente. Exala um ar de prolongamento da casa das proprietárias. Não à toa são mineiras (lá, receber em casa para comer -as quitandas da tarde que sejam- é rito quase sagrado). Toda a atmosfera leva a isso. A entrada é apenas uma portinha, e só no fim de um longo e sinuoso corredor surge a casa. A decoração é prosaica, acolhedora, lembra sala de estar e de jantar. As donas podem estar por ali comentando a comida com os clientes (quase dizia "convidados"). O marido pode estar, copo na mão, puxando prosa nas mesas. A caipirinha será de boa cachaça artesanal, daquelas do amigo do conhecido do sogro, de uma roça alhures. E a comida tem ar mineiro -embora não seja rigorosamente mineira. Tem inspiração brasileira, mas pode ser calcada em outras regiões, ou adaptada. E revela a dura diferença entre servir em casa e num restaurante -neste a coisa é mais complicada e menos livre de tropeços. As meninas são Renata Rodrigues, 39, e Karine Gomes, 35. São hoje formadas em ciência da computação e trabalham em empresas de tecnologia de informação. Mas são também as meninas que desde criança cozinhavam com a avó no interior do seu Estado, e depois para a família e amigos. E que no final de 2008 resolveram abrir um restaurante, inaugurado informalmente e silenciosamente, no começo deste ano. Ambas montaram o cardápio a partir de seu repertório pessoal e, um mês antes da inauguração, contrataram um chef para palpitar e tocar a cozinha -Diego Arteiro, 25, que, após se formar em gastronomia, passou quatro anos entre França e Espanha. No mix de influências da cozinha, pode-se começar com a salada de folhas verdes com brie delicadamente empanado e uma suave geleia de pimenta. Ou com o trio de tapas (na verdade, são brusquetas: de queijo e linguiça, de brie, figo e geleia de pimenta e uma caprese). No arroz-de-puta-rica o mix é entre Minas, Goiás e Líbano... já que no lugar da carne de porco há bolinhas de cafta. Mistura-se arroz branco e selvagem com linguiça e batata-palha, mas, no lugar daquele arroz caseiro molhadinho, aqui ele é seco e bruto, não fala à alma. Evocando os mares que Minas não tem, há o prato de camarão ao leite de coco (servido no coco, com coco ralado nas bordas e arroz branco), de molho denso -bom que a pimenta da casa é séria e realça o prato. O menu segue com mineirices como o pastel da angu e itens internacionais como massas e risotos, filé au poivre e o caseiro filé com fritas (são belas, nada caseiras). Na sobremesa, torta de maçã (mas com a fruta quase crua) sobre massa folhada com creme inglês, panqueca de doce de leite (Minas novamente...) e a degustação de doces caseiros de frutas. josimar@basilico.com.br VILA DAS MENINAS ENDEREÇO r. Padre de Carvalho, 139, Pinheiros, tel. 0/xx/11/ 2364-2122 FUNCIONAMENTO de ter. a qui., das 12h às 15h e das 19h30 à 0h; de sex. a sáb., das 12h às 16h e das 19h30 à 0h30; dom., das 13h às 17h AMBIENTE no fundo de um corredor aberto, tem ar caseiro e caloroso SERVIÇO sorridente, esforçado VINHOS não muito extensa, a carta procura dar dicas elementares CARTÕES A, D, M e V PREÇOS entradas, de R$ 15 a R$ 25; pratos, de R$ 38 a R$ 54; sobremesas, de R$ 14 a R$ 23 Texto Anterior: Vinhos - Jorge Carrara: Adega aposta em goles gauleses de pequenos produtores Próximo Texto: Contardo Calligaris: Educar frustrando? Índice | Comunicar Erros |
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