São Paulo, quarta, 16 de dezembro de 1998

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CINEMA
Brasileiro é cotado a indicações a produção estrangeira e atriz; lista sai amanhã
"Central' deve concorrer a dois Globos

AMIR LABAKI
de Nova York

"Central do Brasil" pode ficar mais próximo de um Oscar a partir do anúncio, amanhã, dos indicados ao Globo de Ouro, o prêmio anual para os melhores do cinema da Associação dos Correspondentes Estrangeiros de Hollywood. O drama de iniciação dirigido por Walter Salles tem boas chances de emplacar duas indicações: melhor filme estrangeiro e Fernanda Montenegro como melhor atriz.
Os vencedores do Globo de Ouro serão conhecidos em 24 de janeiro próximo. O anúncio dos candidatos ao Oscar acontece em 13 de fevereiro. A entrega do prêmio será no domingo, 21 de março.
Fernanda Montenegro recebeu três importantes prêmios apenas na última semana: o do National Board of Review, o da Associação de Críticos de Los Angeles (empatada com Ally Sheedy, de "High Art") e o do 20º Festival de Cinema de Havana. Comparada pela imprensa americana a Giulietta Masina, Montenegro tem tudo para ficar entre as cinco candidatas também ao Oscar e ao Globo de Ouro.
A atriz brasileira, premiada também em Berlim-98, deve disputar o Oscar com duas britânicas e duas americanas. A tradição inglesa poderá ser defendida pelas jovens Cate Blanchett, impecável em "Elizabeth", e Jane Horrocks, de "Little Voice". Horrocks, e não Montenegro, seria a zebra do ano.
Entre as atrizes americanas as mais cotadas são Susan Sarandon, pela mãe doente de "Stepmom", Meryl Streep, exercitando seu sotaque irlandês no fraco "Dancing at Lughnasa", e a musa romântica do ano, Gwyneth Paltrow, por "Shakespeare in Love".
A edição semanal da "Variety" aposta apenas nas duas últimas, citando ainda Meg Ryan, que retoma a parceria com Tom Hanks na comédia romântica "You've Got Mail".
Apesar dos elogios da crítica americana, parecem remotas as chances de "Central do Brasil" emplacar uma indicação para melhor filme, seja para o Oscar ou para o Globo de Ouro. O filme de Walter Salles dificilmente deve ficar de fora, contudo, da disputa na categoria de melhor filme estrangeiro.
Já arrebatou o prêmio da categoria do National Board of Review, mas não foi o escolhido pelos críticos de Los Angeles, que a ele preferiram o dinamarquês "Festa de Família", de Thomas Vinterberg.
O trio de favoritos ao Oscar da categoria é completado por "A Vida É Bela", de Roberto Benigni. Diferenças de regulamento (leia ao lado) retiraram Benigni da luta pelo Globo de Ouro, mas não pelo Oscar. O quarto concorrente a melhor filme estrangeiro deve ser o francês "A Vida Onírica dos Anjos", de Erick Zonca. O austríaco "Os Herdeiros", de Stefan Ruzowitzky, apresenta ligeiro favoritismo para a quinta vaga.
A disputa pelo Oscar de melhor filme deve ser equilibrada, espelhando um ano pouco brilhante em Hollywood. "O Resgate do Soldado Ryan", de Steven Spielberg, e "The Truman Show - O Show da Vida", de Peter Weir, parecem os únicos concorrentes indiscutíveis.
O épico histórico britânico "Elizabeth", de Shekhar Kapur, apresenta os valores de produção e a pegada dramática que tradicionalmente agradam à academia.
Outro drama antibelicista passado na Segunda Guerra, "The Thin Red Line", quebra o silêncio de 20 anos do mestre independente Terrence Mallick ("Cinzas no Paraíso"). Estréia no Natal e, se bem recebido, tem grandes chances.
A quinta vaga deve ficar com azarões como o policial "A Simple Plan", o corajoso "Felicidade" ou, quem sabe, "A Vida É Bela".



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