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TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA
Instituição vai analisar tese que afirma ser do neto do poeta os restos mortais em Ouro Preto
Museu não garante autenticidade de ossada
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
Os restos mortais enterrados na
sepultura do poeta e inconfidente
Tomás Antônio Gonzaga, em Ouro Preto, são "atribuídos" a ele,
mas o Museu da Inconfidência não
pode garantir que sejam realmente
do poeta.
A afirmação foi feita pela historiadora Carmem Lemos, pesquisadora do museu, falando por telefone de Ouro Preto (98 km a sul de
Belo Horizonte) à Agência Folha.
Ela disse que o museu vai analisar a tese defendida pelo jornalista
Adelto Gonçalves, na USP, no final do ano passado. Segundo o trabalho, a ossada sepultada pertenceria ao neto de Gonzaga.
"Ele deve ter encontrado alguma coisa no Arquivo Ultramarino,
em Lisboa, onde nós não temos
condições de ir para pesquisar",
afirmou. Ela disse não saber o que
poderá acontecer se a direção do
museu ficar convencida que os
restos não são de Gonzaga.
A atual sepultura fica no panteão
da Inconfidência, uma sala do museu que abriga os restos mortais de
mais 12 inconfidentes e os da musa
do poeta, Marília de Dirceu.
Toda documentação do museu
relativa aos restos mortais de Gonzaga se resume a artigos de jornais
da época da repatriação e entrevistas pessoais.
Segundo Lemos, o museu não
pode comprovar a autenticidade
das ossadas porque não possui sequer os autos de exumação feitos
na África. Só se sabe da existência
desses autos por meio do testemunho escrito do historiador Augusto de Lima Jr., morto em 1970.
Quanto a Marília de Dirceu, seus
restos foram retirados de uma sepultura na matriz de Nossa Senhora da Conceição, a poucos quarteirões de distância do museu.
"Grande parte do acervo não
tem registro de onde procede.
Acredita-se que tudo foi organizado com seriedade por uma equipe
responsável, chefiada por Rodrigo
Melo Franco (de Andrade, jornalista)", disse a pesquisadora.
Além das ossadas, a forca que teria sido usada na execução de Tiradentes, no acervo do museu, não
tem documentos que comprovem
sua autenticidade.
Exames técnicos
Lemos afirmou que a direção
atual do museu tem tido cuidado
em incorporar ao seu acervo mais
ossadas, também atribuídas a inconfidentes, que foram armazenadas pelo Ministério das Relações
Exteriores desde a década de 30.
Elas pertenceriam a Domingos
Vidal Lage, João Dias da Mota e José Resende Costa e foram repatriadas de Guiné-Bissau (África) por
um diplomata brasileiro, em 1934.
"Se ficar provado que não são
dos inconfidentes, vamos enterrá-las em algum cemitério. Caso
contrário, serão enterradas no
panteão da Inconfidência", disse.
Ela afirmou que não sabe se a ossada de Tomás Gonzaga também
seria submetida ao mesmo exame.
Isso é estranho porque o Ministério das Relações Exteriores possui,
ao menos, o auto de exumação das
três ossadas, documento que o
Museu da Inconfidência não tem
sobre os restos de Gonzaga.
Para Lemos, a melhor forma de
comprovar a autenticidade dos
restos mortais do poeta é aprofundar o estudo sobre o processo de
repatriação, que continua obscuro, mais de 60 anos depois. "Foi
muito confuso, com conotações
políticas", disse.
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