São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2004

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FILMES

TV ABERTA

"Ed Mort" explora pouco a sátira ao noir

Aranhas Assassinas
Record, 22h.
 
(Spiders). EUA, 2000, 93 min. Direção: Gary Jones. Com Lana Parrilla, Josh Green. Estudante de jornalismo presencia a queda de uma nave americana que contém uma aranha modificada geneticamente. O monstrengo vai então a uma universidade e sai matando quem aparecer pela frente. Neste tipo de filme, o mais inacreditável mesmo costuma ser o título. Mas sofrem mesmo é dos opostos: ou vai-se na linha da seriedade estapafúrdia ou da pura sátira.

Um Tira à Beira da Neurose
SBT, 23h15.
 
(Gun Shy). EUA, 2000, 102 min. Direção: Eric Blakeney. Com Liam Neeson, Sandra Bullock. Neeson faz o policial estressado e traído pelos nervos. Bullock, a garota por quem se apaixonará. Há o drama policial (apesar dos problemas ele tem uma nova missão), o romance e a comédia (esta vem de "A Máfia no Divã", talvez). Enfim, atira-se um pouco para todo lado. Inédito.

Ed Mort
Globo, 23h35
   
Brasil, 97, 102 min. Direção: Alain Fresnot. Com Paulo Betti, Cláudia Abreu. O detetive Ed Mort (Betti) é convocado por uma mulher misteriosa para procurar o Silva, seu marido, um mestre dos disfarces. Apesar das aparências, do personagem (criado por Luís Fernando Veríssimo) e do roteiro, esta comédia explora pouco o aspecto paródia (do filme noir). No cinema, o público se divertiu (sobretudo com os diálogos), o que talvez favoreça uma boa acolhida em TV deste filme meio frouxo.

Emmanuelle - Uma Lição de Amor
Bandeirantes, 1h.
 
(Emmanuelle, a Lesson in Love). 94, 95 min. Direção: David Cove. Com Krista Allen, Paul Michael Robinson. Após seduzir mais ou menos todos os terráqueos à sua volta, em incontáveis filmes, Emmanuelle (Allen) agora dedica-se a extraterrestres dispostos a aprender com ela sobre o amor, apesar das ordens terminantes, vindas de seu chefe, de que entre humanos e eles não deveria haver paixão.

Dilúvio - A Ira de um Rio
SBT, 1h30.
   
(Flood: A River's Rampage). Canadá, 97. Direção: Bruce Pittman. Com Richard Thomas, Kate Vernon. Em 1933, não bastasse a Depressão, uma grande enchente atinge as margens do rio Mississipi. O filme fixa-se sobre o acontecimento, tal como atingiu a cidade de Belfield. Fato muito relevante (lembrar: "Rio Violento", de Elia Kazan) em filme feito para TV.

Max Devlin e o Diabo
SBT, 3h15.
  
(The Devil and Max Devlin). EUA, 81, 96 min. Direção: Steven H. Stern. Com Elliott Gould, Bill Cosby. Após morrer, Gould desce aos infernos, onde o diabo Cosby lhe faz uma proposta: voltar ao mundo dos vivos e conseguir, em troca da nova vida, três almas dispostas a vender a alma. Só para São Paulo.

Um Espírito Baixou em Mim
Globo, 3h30.
   
(All of Me). EUA, 84. Direção: Carl Reiner. Com Steve Martin, Lily Tomlin. Com a ajuda de um guru indiano, milionária prestes a morrer decide transferir sua alma para um outro corpo. Mas algo dá errado e quem é possuído é um advogado (Martin), que a odiava em vida. Agora, terá mais motivos ainda para odiá-la, já que sua nova porção feminina irá atormentá-lo. A histeria contida de Martin até que funciona.

Resgate Alucinante
SBT, 5h10.
   
(Laughing Times). Hong Kong, 81. Direção: John Woo. Com Dean Shek, Wang Wai. Um vagabundo e um órfão enfrentam as dificuldades econômicas que acompanham a Segunda Guerra na China. Comédia que John Woo dirigiu sob o pseudônimo de Wu Hsiang-Fei. Só para São Paulo. (INÁCIO ARAUJO e BRUNO YUTAKA SAITO)

TV PAGA

"Bird" recria ícone musical como herói mítico

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

É fácil imaginar o estranhamento que Clint Eastwood causou no público quando anunciou que levaria para as telas a vida de Charlie Parker (1920-55), que resultou no esfumaçado filme "Bird" (1988).
Afinal, Eastwood ainda não gozava da unanimidade que desfruta hoje como diretor. Era mais imediatamente reconhecido como o sujeito durão de filmes policiais e faroestes. Em uma primeira vista, portanto, supostamente incapaz de administrar uma produção com a sensibilidade requerida quando o assunto é Parker e jazz.
Em seguida, trata-se de um confronto entre virtuoses: o retratado, um dos criadores do bebop, e o retratista, técnico à sua maneira.
Não há nada mais tedioso do que um virtuose puramente mecânico. Da técnica pela técnica, surgem obras que apenas escondem seu interior oco.
"Bird", no entanto, mostra-se como uma das melhores películas sobre jazz já realizadas, mesmo em que pese sua profusão de lugares-comuns sobre o assunto.
O que mais chama a atenção é a escuridão. É um filme de cenas noturnas, de imagens recorrentes no imaginário do jazz.
E nisso Eastwood esmera-se nas suas técnicas particulares. Feixes de luz e fumaça surgem como que por mágica quando Parker aparece. Não restam dúvidas de que o olhar sobre o músico é aquele dedicado a um mito -há a imagem recorrente de um prato de bateria jogado ao chão, que explicaria a origem de suas angústias.
Eastwood opta pela visão do herói trágico, do homem solitário que tem como única arma um saxofone ao lutar contra si mesmo. Filme pesado e amargo, que reforça as tintas do lado junkie de Parker -viciado em heroína e álcool-, "Bird", nas entrelinhas, tem estrutura parecida com a dos faroestes e policiais do diretor. No embate dos virtuoses, Eastwood sacou sua arma primeiro.


BIRD. Quando: hoje, às 11h15, no Max Prime.


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