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FILMES
TV ABERTA
"Ed Mort" explora pouco a sátira ao noir
Aranhas Assassinas
Record, 22h.
(Spiders). EUA, 2000, 93 min. Direção:
Gary Jones. Com Lana Parrilla, Josh
Green. Estudante de jornalismo
presencia a queda de uma nave
americana que contém uma aranha
modificada geneticamente. O
monstrengo vai então a uma
universidade e sai matando quem
aparecer pela frente. Neste tipo de filme,
o mais inacreditável mesmo costuma ser
o título. Mas sofrem mesmo é dos
opostos: ou vai-se na linha da seriedade
estapafúrdia ou da pura sátira.
Um Tira à Beira da Neurose
SBT, 23h15.
(Gun Shy). EUA, 2000, 102 min. Direção:
Eric Blakeney. Com Liam Neeson, Sandra
Bullock. Neeson faz o policial estressado
e traído pelos nervos. Bullock, a garota
por quem se apaixonará. Há o drama
policial (apesar dos problemas ele tem
uma nova missão), o romance e a
comédia (esta vem de "A Máfia no Divã",
talvez). Enfim, atira-se um pouco para
todo lado. Inédito.
Ed Mort
Globo, 23h35
Brasil, 97, 102 min. Direção: Alain
Fresnot. Com Paulo Betti, Cláudia Abreu.
O detetive Ed Mort (Betti) é convocado
por uma mulher misteriosa para procurar
o Silva, seu marido, um mestre dos
disfarces. Apesar das aparências, do
personagem (criado por Luís Fernando
Veríssimo) e do roteiro, esta comédia
explora pouco o aspecto paródia (do
filme noir). No cinema, o público se
divertiu (sobretudo com os diálogos), o
que talvez favoreça uma boa acolhida
em TV deste filme meio frouxo.
Emmanuelle - Uma Lição de
Amor
Bandeirantes, 1h.
(Emmanuelle, a Lesson in Love). 94, 95
min. Direção: David Cove. Com Krista
Allen, Paul Michael Robinson. Após
seduzir mais ou menos todos os
terráqueos à sua volta, em incontáveis
filmes, Emmanuelle (Allen) agora
dedica-se a extraterrestres dispostos a
aprender com ela sobre o amor, apesar
das ordens terminantes, vindas de seu
chefe, de que entre humanos e eles não
deveria haver paixão.
Dilúvio - A Ira de um Rio
SBT, 1h30.
(Flood: A River's Rampage). Canadá, 97.
Direção: Bruce Pittman. Com Richard
Thomas, Kate Vernon. Em 1933, não
bastasse a Depressão, uma grande
enchente atinge as margens do rio
Mississipi. O filme fixa-se sobre o
acontecimento, tal como atingiu a
cidade de Belfield. Fato muito relevante
(lembrar: "Rio Violento", de Elia Kazan)
em filme feito para TV.
Max Devlin e o Diabo
SBT, 3h15.
(The Devil and Max Devlin). EUA, 81, 96
min. Direção: Steven H. Stern. Com Elliott
Gould, Bill Cosby. Após morrer, Gould
desce aos infernos, onde o diabo Cosby
lhe faz uma proposta: voltar ao mundo
dos vivos e conseguir, em troca da nova
vida, três almas dispostas a vender a
alma. Só para São Paulo.
Um Espírito Baixou em Mim
Globo, 3h30.
(All of Me). EUA, 84. Direção: Carl Reiner.
Com Steve Martin, Lily Tomlin. Com a
ajuda de um guru indiano, milionária
prestes a morrer decide transferir sua
alma para um outro corpo. Mas algo dá
errado e quem é possuído é um
advogado (Martin), que a odiava em
vida. Agora, terá mais motivos ainda
para odiá-la, já que sua nova porção
feminina irá atormentá-lo. A histeria
contida de Martin até que funciona.
Resgate Alucinante
SBT, 5h10.
(Laughing Times). Hong Kong, 81.
Direção: John Woo. Com Dean Shek,
Wang Wai. Um vagabundo e um órfão
enfrentam as dificuldades econômicas
que acompanham a Segunda Guerra na
China. Comédia que John Woo dirigiu
sob o pseudônimo de Wu Hsiang-Fei. Só
para São Paulo.
(INÁCIO ARAUJO e BRUNO YUTAKA SAITO)
TV PAGA
"Bird" recria ícone musical como herói mítico
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
É fácil imaginar o estranhamento que Clint Eastwood
causou no público quando anunciou que levaria para as telas a vida de Charlie Parker (1920-55),
que resultou no esfumaçado filme
"Bird" (1988).
Afinal, Eastwood ainda não gozava da unanimidade que desfruta hoje como diretor. Era mais
imediatamente reconhecido como o sujeito durão de filmes policiais e faroestes. Em uma primeira
vista, portanto, supostamente incapaz de administrar uma produção com a sensibilidade requerida
quando o assunto é Parker e jazz.
Em seguida, trata-se de um confronto entre virtuoses: o retratado, um dos criadores do bebop, e
o retratista, técnico à sua maneira.
Não há nada mais tedioso do
que um virtuose puramente mecânico. Da técnica pela técnica,
surgem obras que apenas escondem seu interior oco.
"Bird", no entanto, mostra-se
como uma das melhores películas
sobre jazz já realizadas, mesmo
em que pese sua profusão de lugares-comuns sobre o assunto.
O que mais chama a atenção é a
escuridão. É um filme de cenas
noturnas, de imagens recorrentes
no imaginário do jazz.
E nisso Eastwood esmera-se nas
suas técnicas particulares. Feixes
de luz e fumaça surgem como que
por mágica quando Parker aparece. Não restam dúvidas de que o
olhar sobre o músico é aquele dedicado a um mito -há a imagem
recorrente de um prato de bateria
jogado ao chão, que explicaria a
origem de suas angústias.
Eastwood opta pela visão do herói trágico, do homem solitário
que tem como única arma um saxofone ao lutar contra si mesmo.
Filme pesado e amargo, que reforça as tintas do lado junkie de
Parker -viciado em heroína e álcool-, "Bird", nas entrelinhas,
tem estrutura parecida com a dos
faroestes e policiais do diretor. No
embate dos virtuoses, Eastwood
sacou sua arma primeiro.
BIRD. Quando: hoje, às 11h15, no Max
Prime.
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