DA REPORTAGEM LOCAL

O "Ensaio" desta noite abre espaço para a "rainha do bolero" (ou dona das "pernas que cantam", na gaiatice de Chacrinha) dos anos 60 e 70, a paulista Edith Veiga. A apresentação começa com "Faz-me Rir" (F. Yoni/E. Arias, versão de Teixeira Filho), música que, em 1961, lançou a intérprete ao estrelato e logo foi adotada pela torcida corintiana como hino para as más fases do time.
Com uma dicção que sublinha os erres e as vogais (e uma performance em que o movimento das mãos espelha a dramaticidade das letras), ela mantém viva a tradição das cantoras de rádio. Não à toa, aponta a certa altura Dalva de Oliveira como ídolo e dedica a ela a canção "Que Será" (Mariano Pinto/Mário Rossi).
Dolores Duran e Dora Lopes (parceiras em composições) também são lembradas, respectivamente no samba-canção "Castigo" (com o qual Edith obteve o segundo lugar em um concurso da Record) e em "Briguei com Você".
Fossa deliberada, "Pensando em Ti" (Herivelto Martins/David Nasser) também comparece. Antes de derramar-se em "Vingança" (Lupicínio Rodrigues), Edith lembra os áureos tempos da boate Oásis, no centro paulistano, onde só se apresentavam medalhões, e constata, com certa nostalgia: "Hoje, a noite de São Paulo não está muito legal, não". (LN)