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Quando éramos punks
Divulgação
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O quarteto californiano Offspring, que gravou seu sétimo disco |
Aos 20 anos de idade, Offspring decide não se prender a gênero que o consagrou
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
Que o punk rock não morreu,
existe o famoso bordão que
jamais deixará que isso aconteça.
Mas, pegando o ponto de vista da
banda californiana Offspring,
uma das mais bem-sucedidas do
gênero, não tem como não dizer
que o punk está velhinho.
E quem diz isso é o próprio Dexter Holland, o cantor da banda,
músico envolvido com microbiologia, em entrevista direto de seu
laboratório, em Los Angeles. O laboratório-estúdio de Dexter.
Em um cenário em que os últimos álbuns dos grupos da juvenilia punk Blink-182 e Good Charlotte foram considerados "adultos" pela crítica, o Offspring lançou seu sétimo disco, "Splinter",
que ganhou sua edição brasileira.
Não só pelo novo CD, que exigirá da banda uma turnê mundial,
este 2004 é especial por outros
dois motivos. O grupo de Dexter
comemora 20 anos de formação.
E o terceiro álbum do Offspring,
"Smash", o disco independente
mais vendido da história (pelo selo Epitaph), faz dez anos.
Com as quase 5 milhões de cópias vendidas de
"Smash", em 1994, e uma pequena ajuda de
"Dookie", do Green Day, o punk rock realmente invadiu o
mainstream. O punk juvenil-político de Sex Pistols e Dead Kennedys alcançava o sucesso com o
punk juvenil-zoeira de Offspring
e Green Day. Mas a algazarra promovida pelo Offspring já não tem
muito lugar no punk anos 2000, o punk juvenil-auto-ajuda, que gasta suas letras com o fardo de ser
adolescente nos EUA.
"A música está sempre
mudando. Hoje a garotada acha que o punk
rock é o que bandas como Sum 41 e Good Charlotte fazem. Mas, se essas músicas
são importantes para eles de alguma forma, acho que faz todo o
sentido. É o jeito de a música sobreviver diante das expectativas
que sua época exige", disse Dexter
à Folha, por telefone.
"O punk de hoje já não tem
mais a ver com o punk do Offspring, e já está muito distante do
que fizeram os Pistols, que foi o
começo de tudo. Aí você percebe
que está mesmo velho", conclui.
"Splinter", sétimo e primeiro álbum após três anos, tem o mérito
-e também sofre a conseqüência- de misturar gêneros ao
punk-chiclete tradicional do Offspring. "Hit That", primeiro single
do álbum, vai ao hip hop. Só faltava caprichar mais nas batidas.
"Hit That", cujo modernoso clipe tem alta rotação nas MTV
americana e brasileira, tem ritmo
engraçado, mas fala da desintegração familiar, que segundo
Dexter está deixando as crianças
cada vez mais sozinhas.
É o Offspring mantendo a integridade punk, som barulhento e
eficiente, mas dando visíveis sinais de que a meia-idade chegou.
Ou que a época não é mais de
zoeira. Engrossando o caldo auto-ajuda da geração Blink-182 e
Good Charlotte.
Splinter
Artista: Offspring
Gravadora: Sony
Quanto: R$ 30, em média
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