São Paulo, domingo, 17 de fevereiro de 2008

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Crítica

"A Rainha" questiona a monarquia

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

"A Rainha" (TC Pipoca, 20h) apanha Elizabeth 2ª às voltas com a maior crise de seu reinado: a morte de Diana, a impiedosa invasão da vida privada dos Windsor pela imprensa e a chegada ao poder de um primeiro-ministro (Tony Blair) sem apego às tradições.
Pior do que isso: ninguém nunca botou fé em Elizabeth e em seu séquito, tido cada vez menos secretamente por um bando de parasitas sem função no reino de Inglaterra.
Diana, a ex-princesa, era, nesse quadro, uma personagem tremendamente ambígua: com sua beleza e modernidade, fora responsável pelo ressurgimento do prestígio da família real. Mas seus hábitos a tornaram uma figura midiática, portanto fora da tradição.
A morte de Diana (já então ex-princesa) coloca questões inéditas para a rainha, entre as quais a hostilidade da população e a necessidade de mudar padrões de comportamento.
Como vai se virar a sóbria Elizabeth nessa circunstância inédita? Eis o que o filme de Stephen Frears procura (e consegue, creio eu) responder com escrúpulo e talento. Houve quem ficasse um tanto decepcionado com o filme, por não refletir, simplesmente, aquilo que a mídia pretende que pensemos a respeito da rainha.
Mas filmes não existem para isso. Ao redispor a figura de Elizabeth 2ª sem nenhuma hostilidade, mas também sem benevolência, "A Rainha" nos convida a repensar a função da monarquia nesse país.


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