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TELEVISÃO
Crítica
"Piaf" se perde ao condensar vastidão de biografia
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
É verdade que existe Edith
Piaf cantando. E que Marion
Cotillard faz um trabalho extraordinário, desaparecendo
sob a pele da cantora mais francesa de todos os tempos.
É verdade, ainda, que o argumento traz uma vantagem natural, o de Piaf interpretar muitas músicas cuja dramaticidade
corresponde aos fatos que
acontecem em sua vida.
Ainda assim, "Piaf - Um Hino ao Amor" (Cinemax, 22h;
14 anos) está longe de ser um
filme convincente.
Para tomar um exemplo recente em "Invictus", de Clint
Eastwood: ali ele busca (e, me
parece, encontra) uma essência de seu personagem, Nelson
Mandela, ao retratar um momento só de sua vida.
"Piaf", ao contrário, é uma
dessas biografias tipo "do feto
ao túmulo". Atravessam a vida
do personagem e, ainda que
captem algo de essencial e vigoroso nela, isso acaba se perdendo na multidão de fatos.
É isso que também danifica,
por exemplo, "Lula, o Filho do
Brasil", de Fábio Barreto, não o
fato de o observador ser contra
ou favor do personagem.
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