São Paulo, quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

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Espanhóis fazem releitura do flamenco

Grupo Ojos de Brujo tem disco lançado no Brasil com mistura de músicas ciganas, hip hop e rock

FERNANDA MENA
ENVIADA ESPECIAL AO RECIFE

Da música à culinária, a palavra "fusion" é sinônimo de misturas multiculturais que podem tanto surpreender e encantar como descambar para a redundância e o mau gosto. No caso do grupo espanhol Ojos de Brujo, que se apresentou na segunda-feira de Carnaval no festival Rec-Beat, no Recife, a mestiçagem de ritmos tem alma cigana e fica mais para o lado das surpresas do que dos lugares-comuns.
Criada em 1996, em Barcelona, como coletivo artístico, a banda faz uma releitura do flamenco a partir do hip hop, da eletrônica, da rumba e do rock. Em sua primeira passagem pelo Brasil, abriu o show com uma dançarina sobre um tablado, sapateando com precisão as batidas secas da música flamenca. A partir daí, são incorporados teclados, metais, "scratches", sintetizadores e vocais beat box, que se alternam com o tom dramático da voz de Marina "Las Canillas" Abad, única mulher entre oito integrantes.
Para Xavi Turull, percursionista do grupo, o som do Ojos de Brujo consegue ser "fusion" sem ser esquizofrênico porque a banda busca "conexões orgânicas entre os ritmos". "Há muito em comum entre a música latino-americana e a música espanhola. São sons que chegaram às Américas pelos colonizadores e retornaram à Europa encorpados", diz.
Segundo Turull, a música brasileira só não é grande influência porque quase não chega à Espanha. Seu mais recente disco, "Aocaná" -que significa "agora" em caló, a língua dos ciganos espanhóis-, é o quarto da carreira do grupo e o primeiro a ser lançado no Brasil pela gravadora Warner.
Nos dois CDs anteriores, "Bari" (2002) e "Techaría" (2006), o Ojos de Brujo intensificou sua trajetória de descoberta e incorporação de sons, sempre dialogando com a música tradicional espanhola, influência maior do grupo. "Aocaná", no entanto, não tem o mesmo brilho nem a mesma identidade dos trabalhos anteriores e joga o "fusion" esperto do grupo na vala comum da "world music".

A repórter FERNANDA MENA viajou a convite do festival Rec-Beat


AOCANÁ

Artista: Ojos de Brujo
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 32, em média




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