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Espanhóis fazem releitura do flamenco
Grupo Ojos de Brujo tem disco lançado no Brasil com mistura de músicas ciganas, hip hop e rock
FERNANDA MENA
ENVIADA ESPECIAL AO RECIFE
Da música à culinária, a palavra "fusion" é sinônimo de misturas multiculturais que podem tanto surpreender e encantar como descambar para a
redundância e o mau gosto.
No caso do grupo espanhol
Ojos de Brujo, que se apresentou na segunda-feira de Carnaval no festival Rec-Beat, no Recife, a mestiçagem de ritmos
tem alma cigana e fica mais para o lado das surpresas do que
dos lugares-comuns.
Criada em 1996, em Barcelona, como coletivo artístico, a
banda faz uma releitura do flamenco a partir do hip hop, da
eletrônica, da rumba e do rock.
Em sua primeira passagem
pelo Brasil, abriu o show com
uma dançarina sobre um tablado, sapateando com precisão as
batidas secas da música flamenca. A partir daí, são incorporados teclados, metais, "scratches", sintetizadores e vocais
beat box, que se alternam com
o tom dramático da voz de Marina "Las Canillas" Abad, única
mulher entre oito integrantes.
Para Xavi Turull, percursionista do grupo, o som do Ojos
de Brujo consegue ser "fusion"
sem ser esquizofrênico porque
a banda busca "conexões orgânicas entre os ritmos".
"Há muito em comum entre
a música latino-americana e a
música espanhola. São sons
que chegaram às Américas pelos colonizadores e retornaram
à Europa encorpados", diz.
Segundo Turull, a música
brasileira só não é grande influência porque quase não chega à Espanha.
Seu mais recente disco, "Aocaná" -que significa "agora"
em caló, a língua dos ciganos
espanhóis-, é o quarto da carreira do grupo e o primeiro a
ser lançado no Brasil pela gravadora Warner.
Nos dois CDs anteriores,
"Bari" (2002) e "Techaría"
(2006), o Ojos de Brujo intensificou sua trajetória de descoberta e incorporação de sons,
sempre dialogando com a música tradicional espanhola, influência maior do grupo.
"Aocaná", no entanto, não
tem o mesmo brilho nem a
mesma identidade dos trabalhos anteriores e joga o "fusion"
esperto do grupo na vala comum da "world music".
A repórter FERNANDA MENA viajou a convite
do festival Rec-Beat
AOCANÁ
Artista: Ojos de Brujo
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 32, em média
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