São Paulo, sábado, 17 de março de 2007

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Autor escreveu sobre "caso Dreyfus inglês"

DA REPORTAGEM LOCAL

Julian Barnes diz que se inspirou no caso Dreyfus para escrever "Arthur & George" (ed. Rocco, trad. Léa Viveiros de Castro, 448 págs., R$ 53,50). Queria simular na realidade inglesa o episódio francês, utilizando um caso homólogo.
O caso Dreyfus mobilizou a França no final do século 19 quando o capitão Alfred Dreyfus foi acusado injustamente de passar segredos militares aos alemães. Numa atmosfera impregnada de anti-semitismo, o militar foi condenado e despertou a intervenção de personalidades como o escritor Émile Zola. O episódio é emblemático da participação de intelectuais no debate público.
No romance de Barnes, o crime envolve um jovem que é acusado de mutilar animais numa comunidade do interior da Inglaterra, entre 1905 e 1907. Condenado, passa três anos preso. O caso é permeado de preconceito racial e desperta personalidades. A mais importante delas é Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, que pesquisa os acontecimentos e sai em defesa do advogado George Edalji, filho de um pastor de origem indiana e de mãe escocesa.
Barnes criou uma trama marcada por paralelos: entre a otimista sociedade vitoriana e o nascente purgatório multicultural da Inglaterra pós-imperial; entre Arthur e George, duas faces opostas da sociedade inglesa. E usa as diferenças cheias de significado entre as sociedades francesa e a inglesa, contraste que inspira sua obra. (MS)


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