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Autor escreveu sobre "caso Dreyfus inglês"
DA REPORTAGEM LOCAL
Julian Barnes diz que se
inspirou no caso Dreyfus para escrever "Arthur & George" (ed. Rocco, trad. Léa Viveiros de Castro, 448 págs.,
R$ 53,50). Queria simular na
realidade inglesa o episódio
francês, utilizando um caso
homólogo.
O caso Dreyfus mobilizou
a França no final do século 19
quando o capitão Alfred
Dreyfus foi acusado injustamente de passar segredos
militares aos alemães. Numa
atmosfera impregnada de
anti-semitismo, o militar foi
condenado e despertou a intervenção de personalidades
como o escritor Émile Zola.
O episódio é emblemático da
participação de intelectuais
no debate público.
No romance de Barnes, o
crime envolve um jovem que
é acusado de mutilar animais
numa comunidade do interior da Inglaterra, entre 1905
e 1907. Condenado, passa
três anos preso. O caso é permeado de preconceito racial
e desperta personalidades. A
mais importante delas é Arthur Conan Doyle, o criador
de Sherlock Holmes, que
pesquisa os acontecimentos
e sai em defesa do advogado
George Edalji, filho de um
pastor de origem indiana e
de mãe escocesa.
Barnes criou uma trama
marcada por paralelos: entre
a otimista sociedade vitoriana e o nascente purgatório
multicultural da Inglaterra
pós-imperial; entre Arthur e
George, duas faces opostas
da sociedade inglesa. E usa as
diferenças cheias de significado entre as sociedades
francesa e a inglesa, contraste que inspira sua obra.
(MS)
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