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Folha publica coletânea de Glauco por um ano
Trabalhos ocuparão diariamente espaço das tiras
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir de hoje, e pelo período de um ano, o espaço de tiras
da Ilustrada ocupado pelo cartunista Glauco Vilas Boas desde 1983 até seu assassinato, na
sexta-feira passada, abrigará
retrospectiva da carreira do artista, que começou a publicar
na Folha em 1977.
A seleção incluirá os principais personagens criados por
Glauco, como Geraldão, inventado em 1981; Geraldinho, a
versão mirim pensada especialmente para a Folhinha, e o
Casal Neuras.
Outros trabalhos de Glauco
também serão retomados, como Dona Marta, a secretária
encalhada que ataca homens
no escritório; Doy Jorge, uma
figura da noite paulistana dos
anos 80, e personagens como o
Cacique Jaraguá, Edmar Bregman, Faquinha, Netão, Nojinsk, Ozetês, Van Grogue, Zé
do Apocalipse e Zé Malária.
Influenciado por Henfil, com
quem morou na década de 70,
Glauco tinha traços simples,
mas difíceis de imitar. Em
2003, explicou que não se
adaptara ao computador:
"Tentei usar o computador para desenhar, mas meu desenho
sai como se fosse uma criança.
Não tenho o domínio ainda.
Mesmo aquela canetinha que
tem uma tela. Para meu tipo,
estou acostumado com a pena,
que dá um traço todo peculiar".
Glauco, que também publicava charges políticas na página A2 da Folha, tinha consciência do poder de seu humor
corrosivo. "Pelo humor é possível falar sobre coisas sérias, como a condição humana, a miséria, o medo, a prisão. É algo seríssimo", disse, em 1986.
O cartunista fundou e dirigia
uma igreja do Santo Daime
chamada Céu de Maria. Músico, compôs mais de cem hinos
para os rituais da doutrina.
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