São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 2011 |
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"Pinokio" desestabiliza a lógica do teatro Espetáculo escrito e dirigido por Roberto Alvim, que estreia hoje, radicaliza experiências do grupo Club Noir Inspirada na fábula "Pinóquio", peça busca a renovação teatral com dramaturgia desconexa e linguagem poética GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Em "Pinokio", nova peça do grupo Club Noir que estreia hoje, uma personagem questiona-se sobre a invenção com a qual se defronta. "O que era aquilo?", ela se pergunta antes de deixar de ser para sempre quem foi um dia. "Aquilo, isto, o que é?" A cena retrata o primeiro contato de um homem com algo nunca visto, experiência tão desestabilizante quanto renovadora. "Pinokio" é um convite para a plateia se confrontar com o desconhecido. Busca a renovação da cena teatral, a reativação do poder desta arte de despertar sensibilidades adoecidas pelo fluxo contínuo de mediocridade que contamina o teatro e o mundo de hoje. "Pinokio" é inspirado na fábula "Pinóquio", de Carlo Collodi (1826-1890). O espetáculo escrito e dirigido por Roberto Alvim apropria-se do conceito de transmutação impregnado na história deste boneco que se torna homem para transformar seres humanos em uma outra coisa, através da hibridação de corpos e máquinas. O homem surge com status de ícone através de personagens que rejeitam o comportamento padrão da existência cotidiana. ESTÁTUAS Em cena, Juliana Galdino, Rodrigo Pavon e os demais atores mais parecem estátuas evocando um novo mundo, cuja atmosfera, criada por uma tinta a óleo preta que escorre das paredes do palco, é ao mesmo tempo negra e úmida. ""Pinokio" nasce da percepção de que a maneira como nós classificamos a condição humana é banal e limitadora. A arte não deveria reiterar a ideia de ser humano burguês. Arte tem a ver com liberdade", fala Alvim. A trama inexistente, composta por uma dramaturgia bastante fragmentária, desconexa e próxima da lógica da poesia, chega ao extremo do essencial, dispensando muitas vezes o uso de frases completas. Alvim restitui o poder oculto das palavras, servindo-se sobretudo de sua força primária, potencializada através da cena penumbral. Sugere assim um universo misterioso, só passível de ser desvendado com a contribuição do inconsciente dos espectadores. "A criação desta linguagem instiga o imaginário na invenção de novos significados, redefine a estrutura de pensamento e sensibilidade, reconstruindo o modo de estarmos no mundo", explica o diretor. PINOKIO QUANDO de qui. a sáb., às 21h, e dom., às 20h; até 15/5 ONDE Club Noir (rua Augusta, 331; tel. 3255-8448) QUANTO R$ 10 CLASSIFICAÇÃO 14 anos Texto Anterior: Bom e Barato: Izidoros tem bons preços no almoço, em bufê que não se resume a pratos caseiros Próximo Texto: Crítica/Drama: Direção meticulosa dá mais alma à crueza de Strindberg Índice | Comunicar Erros |
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