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ARTES PLÁSTICAS
Redescobrimento ficará em Buenos Aires por dois meses
Mostra faz escala na Argentina
DE BUENOS AIRES
Parte da Mostra do Redescobrimento, que entre abril e setembro
do ano passado atraiu 2 milhões
de pessoas em São Paulo, estará
em exibição a partir de hoje nos
quatro principais espaços de arte
da capital argentina.
Dos 12 módulos da megamostra, quatro serão expostos em
Buenos Aires pelos próximos dois
meses.
O de Arte Barroca estará abrigado no Museu Nacional de Belas
Artes. Para o módulo de Arte Popular, o local escolhido pelos curadores foi o Centro Cultural Recoleta, no elegante bairro homônimo. A mostra Imagens do Inconsciente, que incorpora trabalhos realizados por pacientes de
hospitais neuropsiquiátricos, terá
como sede a Fundação Proa. Por
fim, o Museu de Arte Moderna receberá seleção de artistas contemporâneos, com produção a partir
dos anos 90.
Desde o encerramento da exposição no Brasil (de São Paulo, seguiram módulos para o Rio de Janeiro, Nordeste e região Sul), a
mostra assumiu uma rota itinerante no exterior que terminará
somente no final de 2002, no Museu Guggenheim de Bilbao, na Espanha.
A primeira escala internacional
ocorreu em Santiago, no Chile.
""Em todos os países, procederemos da mesma maneira. Atuamos em co-curadoria. Permitimos aos curadores locais um trabalho aberto, dentro do que lhes
interessa. É essencial fazer um
produto que se integre com a comunidade de cada nação por onde passa a mostra", disse à Folha
Nelson Aguilar, curador geral da
Associação Brasil + 500, responsável pela organização da mostra
no ano passado.
Dessa forma, os quatro módulos que desembarcam em Buenos
Aires foram justamente os que
despertaram maior interesse nos
curadores argentinos -e Aguilar
acredita que dentro desse grupo
vão sobressair o Barroco e o Imagens do Inconsciente.
""Sabemos que Buenos Aires é
uma meca da psicanálise na América Latina. O interesse por esse
tema é uma traço presente na cultura argentina. Daí a expectativa
sobre o Imagens do Inconsciente", diz o curador.
Para a mostra do Barroco, além
das características particulares do
projeto colonial brasileiro, do
qual participaram a coroa portuguesa e a Igreja Católica, toma-se
outro aspecto: a exemplo do que
ocorreu no Brasil, os argentinos
vão apontar para a exuberância
não somente das próprias peças
como da montagem visual.
Se em São Paulo a preparação
do espaço do Barroco ficou sob
responsabilidade da cenógrafa
Bia Lessa, em Buenos Aires assumirá o posto José Luis Fioruccio,
diretor de cenografia do Teatro
Colón, um dos mais tradicionais
abrigos da ópera no mundo.
Preparado sob supervisão da
pesquisadora Myriam Andrade
Ribeiro, o Barroco exibirá peças
dos séculos 17 ao 19. Serão mostradas 164 obras do período, 15
delas de Alejadinho.
A seleção do módulo de Arte
Popular teve como encarregado
Emanoel Araújo, diretor da Pinacoteca de São Paulo -a partir da
proposta de apresentar um panorama do folclore brasileiro, da religiosidade popular e da arte figurativa, expressada por trabalhos
de Mestre Vitalino.
No caso das Imagens do Inconsciente, respeitou-se a seleção feita
pela médica Nise da Silveira, que
ainda durante os anos 40 iniciou a
montagem do Museu do Inconsciente, no Rio de Janeiro.
Nesse módulo, na Fundação
Proa, caberá destaque para os trabalhos de Arthur Bispo do Rosário (1909-1989), um marinheiro
sergipano que viveu por mais de
50 anos em regime semi-aberto
em um internato no Rio depois de
começar a ter visões.
Seus trabalhos, exibidos na Bienal de Veneza de 95, assumem
maior projeção nos mantos e toalhas bordadas.
O roteiro da Mostra do Redescobrimento, que no caso do Barroco ficará na capital argentina
até 31 de maio, inclui o Louvre e o
Jeu de Paume, em Paris, em que
serão apresentadas obras de Tunga e Mira Schendel, o British Museum, de Londres, o Guggenheim
de Nova York e a National Gallery
de Washington (EUA).
(JAD)
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