|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HUMOR
Grupo da Globo se divide em "ministérios" para cuidar dos lucrativos negócios e já prepara seu 2º longa-metragem
"Casseta" vende de livro a cueca e caneca
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Seus problemas acabaram... Os
do Casseta & Planeta é que devem
ter acabado faz tempo. Responsável por uma das maiores audiência da televisão brasileira, o grupo
amplia seu "império" ao lançar
amanhã mais um livro, desta vez
com "os melhores produtos das
Organizações Tabajara".
"Seus Problemas Acabaram!"
traz algumas das mais de 200 criações exibidas pela TV. Não tem
nenhuma "mercadoria" nova, tudo já foi ao ar na Globo. Não seria
ele próprio um ""recicleitor" caça-níquel Tabajara"? "Pode chamar
assim. É um bom nome", diz, rindo, Beto Silva, casseta responsável
pelos livros. "A intenção foi organizar uma espécie de catálogo."
Se obtiver o resultado dos lançamentos editoriais anteriores da
trupe (alguns deles também com
as mesmas piadas da TV), o livro
será sucesso. Os últimos dez títulos, entre eles "Seu Creysson - Vídia e Óbria", venderam uma média de mais de 50 mil exemplares,
resultado surpreendente para o
mercado nacional, no qual as vendas giram de 3.000 a 5.000/obra.
E olha que o braço editorial da
Toviassu (empresa do grupo e
abreviação de "todo viado é surdo") está longe de ser uma de suas
principais fontes de faturamento.
Segundo Manfredo Barretto,
empresário da turma há 11 anos,
90% do negócio é o programa da
Globo, "Casseta & Planeta, Urgente!". No ar desde 1992, registra
audiência nacional de 38 pontos,
o equivalente no horário a 60%
dos domicílios. É a atração que
puxa as outras atividades da Toviassu, cada vez mais abrangentes. Para organizar a empresa, os
sete cassetas dividem-se informalmente em "ministérios".
Às segundas e terças, eles estão
na Globo gravando o programa.
De quarta a sexta, no escritório do
grupo, no Rio, onde criam as edições da TV e se dedicam a outros
negócios, que vão de piadas para
o rádio a cinema e venda de cuecas e canecas pela internet.
Todos têm a mesma participação societária e faturam mesmo
quando uma atividade, como palestra e publicidade, é tocada por
apenas um integrante. "Quando o
programa começou, definimos as
regras. Na época, o Bussunda era
mais chamado para trabalhos individuais. Criamos um mecanismo para não haver desequilíbrios,
a "taxação Toviassu" para solos",
explica Barretto. "O que faz o trabalho recebe mais, mas todos têm
participação. É uma forma de um
não ficar com inveja do outro e de
não nos matarmos", brinca Beto.
Outro grande negócio que começou na TV e se expandiu foi
Seu Creysson, personagem de
Claudio Manoel. Só pelo site
(www.cassetaeplaneta.com.br),
que abriga o Casseta Shopping,
foram vendidas 100 mil camisetas
do herói que fala errado. O auge
foi na última eleição, quando ele
foi "candidato", e muita gente
usou a camiseta na hora de votar.
Além desse, outro "boom" do licenciamento foi a camiseta do Tabajara Futebol Clube, "o pior time
do mundo". Vendeu também 100
mil pela internet e costuma vestir
torcedores de clubes reais que não
andam bem, como aconteceu
quando o Palmeiras caiu para a
segunda divisão. "Ganhamos
com Creysson e Tabajara, mas,
em geral, encaramos isso como licenciamento-arte. Dá certo lucro,
mas muito mais prestígio. Teve
muito camelô vendendo camiseta
pirata do Tabajara, o que é o
maior sinal de sucesso. A gente se
sentiu a Nike!", diz Barretto.
O que ele chama de "licenciamento-arte" (tem chiclete, roupa,
bola etc) deve definitivamente se
transformar em "arte de ganhar
dinheiro" no próximo mês. A
operadora de telefonia Claro do
RJ e ES irá decorar os cartões de
pré-pago com charges do Casseta.
Outro ramo que cresce na Toviassu é o de eventos empresariais. Grandes multinacionais têm
contratado os humoristas para
demonstrar um novo projeto aos
funcionários, por exemplo. Por
uma palestra, um casseta pode receber em torno de R$ 15 mil.
Outro novo "ministério" é o do
cinema. A estréia, com "A Taça do
Mundo É Nossa" (2003), teve público de pouco mais de 800 mil,
resultado fraco para o investimento. Barretto acredita que um
dos principais erros foi ter distanciado o longa do programa da TV,
com um roteiro sobre a ditadura.
Isso mudará no segundo filme,
que já começa a ser definido no
próximo semestre. "A TV brasileira é tão forte que determina o
gosto das pessoas para livros, música, CD, cinema", diz Barretto.
Sorte de quem está bem na TV.
SEUS PROBLEMAS ACABARAM!.
Autor: Casseta & Planeta. Editora:
Objetiva. Quanto R$ 23,90 (140 págs.).
Texto Anterior: Fotografia: Pierre Verger, com status de arte, ganha o mundo Próximo Texto: Cinema: Legendas desvelam filmes nacionais Índice
|