São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2008

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Na estréia, aos 7, Szot se escondeu atrás do piano

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O que vem à cabeça de um pai, morador da Grande São Paulo, ao ver pela televisão seu filho caçula receber das mãos da estrela Liza Minnel-li o principal prêmio do teatro norte-americano e ainda por cima dedicar a conquista à sua família?
Aos 78 anos, Casimiro, pai de Paulo Szot, 38, primeiro brasileiro a vencer na categoria melhor ator em musical do Prêmio Tony, não conseguiu conter as lágrimas e se lembrou da estréia do agora astro internacional.
"Na primeira apresentação de violino, ele tinha sete anos e, ao entrar no palco, estava tão envergonhado que se escondeu atrás do piano. Passou toda a apresentação tocando escondido."
Paulo Szot, conta o pai, começou a se tornar um artista com apenas quatro anos, mas, mesmo antes disso, "quebrou muita aparelhagem porque adorava música e queria mexer com tudo para conhecer". "Era comprar uma vitrola e, no dia seguinte, já estava quebrada. Ele queria ouvir todos os discos", lembra Casimiro.
Sobre a conquista do filho, no último domingo, comenta: "Só podemos ficar orgulhosos. Isso não aparece de repente. São anos de dedicação. Também ficamos muito emocionados por ele ter feito questão de mencionar o Brasil, apesar da nossa origem polonesa", diz o polonês naturalizado brasileiro, que está no país desde 1947.
O casal Szot ainda não foi aos Estados Unidos para assistir na Broadway à apresentação "South Pacific", o premiado musical do filho. "Mas pretendemos ir em breve", diz Casimiro.

Romance
O pai conta que Paulo Szot, fortemente assediado pelas fãs na Broadway, sempre foi "muito dedicado à arte" e por isso teve pouco tempo para namorar. "Sempre houve muitas pretendentes, mas sabíamos que um namoro poderia atrapalhar a carreira. Quem sabe agora..."
Solteiro, sem filhos, o barítono mora atualmente em Nova York, mas há anos deixou a Grande São Paulo para se dedicar à carreira internacional. "A gente sente muito a falta do Paulo, ainda mais porque todos da família moram perto uns dos outros. Mas sabemos que as coisas estão favoráveis para ele."

Sangue
O gosto de Paulo Szot pela música está no DNA. O pai, a mãe (Dirce, que completou 75 anos no dia em que o filho foi premiado) e seus quatro irmãos são músicos.
A família, que se divide entre Ribeirão Pires e Suzano (Grande SP), formou o grupo folclórico polonês e teve seu momento de glória há três anos, ao se apresentar, ao lado de Paulo Szot, no Teatro Municipal de São Paulo.
"Os críticos falam muito sobre a capacidade do Paulo de cantar, dançar, tocar e interpretar. Isso vem do fato de ele ter convivido com tudo isso a vida toda, em família", analisa Casimiro, que conta já ter feito "de tudo em música". "Comecei com acordeão de botões, depois toquei clarinete e aí foi indo."
A herança musical chega agora à terceira geração, ao menos na convicção do avô coruja. "Meu netinho de dois anos já canta o hino brasileiro melhor do que eu."


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