Estilista da mais bem-sucedida grife brasileira no exterior, Oskar Metsavaht diz que moda do país "está uma esculhambação"

ALCINO LEITE NETO
VIVIAN WHITEMAN
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

Se você visitar os escritórios e as oficinas da grife Osklen, no bairro de São Cristóvão, no Rio, não se assuste se o endereço levá-lo para diante de um belo palacete neoclássico do século 19, em cujo portão está afixada a seguinte placa: Consulado da República da Estônia.
A Osklen é ali mesmo, bem como o consulado. O cônsul da Estônia no Rio, empossado há um mês, é o doutor Oskar Metsavaht, 46, médico gaúcho que é também surfista, alpinista e o estilista da grife brasileira de maior sucesso no país no momento -e também no exterior.
Criada em Búzios, em 1989, hoje a Osklen tem 45 lojas em 20 cidades brasileiras. Seu faturamento cresce 30% em média, por ano. O estilo da grife -ao mesmo tempo inovador e confortável, esportivo e elegante- é um dos mais cobiçados pelos jovens. No exterior, a marca já abriu 11 lojas -sendo 4 em Portugal, 3 na Itália e o restante nos EUA, no Japão e na Suíça.
Há poucos dias, Metsavaht criou uma nova empresa, a OM.ART, para elaborar projetos especiais para outras empresas. "É uma agência de criação, para desenvolver conceitos e design para terceiros", diz.
Ele já criou uma bicicleta para a Caloi, um relógio para a H. Stern e um projeto para o Instituto Chico Mendes. Seu próximo passo será um plano de imagem para Ipanema. A sigla OM significa Organização Multidisciplinar, mas você já terá notado que ela também representa as iniciais do estilista.
Por essas e outras, a Osklen abre hoje, às 15h, a temporada primavera-verão 2009 da São Paulo Fashion Week, que mostrará 49 desfiles até o dia 23.
Será uma das maiores edições do evento em todos os tempos -e também uma das mais aguardadas, por contar com a visita do consagrado estilista japonês Kenzo e a apresentação de Gisele Bündchen no desfile da Colcci.
Metsavaht não esconde a euforia com o sucesso da Osklen, aqui e lá fora. "Sou cônsul da Estônia no Rio, mas também um embaixador do Brasil no exterior. Levo para os estrangeiros uma parte de nosso design contemporâneo, criativo e bem manufaturado", afirma.
Para ele, é esse também um dos principais méritos da SPFW. "Fico contente em poder fazer o primeiro desfile e participar da São Paulo Fashion Week, porque o evento ajudou a mudar a cultura da moda no Brasil e a imagem do nosso design no exterior", diz.
Mas a euforia dá lugar à indignação, quando o assunto é o estado geral da moda no país.
"A moda brasileira está uma esculhambação", reclama o estilista. "Há grifes copiando descaradamente e, pior do que isso, indo parar agora nas fashion weeks, em todas elas."
Para Metsavaht, as semanas de moda estão perdendo os parâmetros de qualidade e deveriam rever seus critérios de seleção das grifes. "Elas precisam ter uma melhor curadoria a fim de incluírem apenas grifes que fazem um design efetivamente criador, e não marcas copiadoras, como estão fazendo."
A nova coleção da Osklen é inspirada nas chuvas de verão e nos reflexos prismáticos das gotas d'água. O uso de plástico e de couro de jacaré deverá espantar os seguidores ambientalistas da grife, que tem fama de ser ecologicamente correta.
"São duas polêmicas, porque não quero virar um ecochato. Mas o plástico é reciclado e o couro de jacaré é de origem sustentável", avisa Metsavaht.


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