São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 2009

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MÚSICA

Duncan expõe "lado C" em novo trabalho

CD tem artistas jovens convidados e produção de John Ulhoa, do Pato Fu

Oitavo álbum da cantora, "Pelo Sabor do Gesto" tem, ainda, participação de Chico César e versões de canções do francês Alex Beaupain


AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO

Aos 44 anos, Zélia Duncan se diz uma artista que não dá "tapinha nas costas" de seu público. "É claro que eu quero, como qualquer outro músico, que as pessoas gostem do que vão ouvir. Mas também quero que saibam que não as estou subestimando", afirma a cantora.
É esta a proposta que tenta manter no novo disco: diz não seguir "nem lado A nem B, mas, quem sabe, um C", o que inclui ter desde um produtor pop, o músico John Ulhoa, do Pato Fu, até uma canção de Itamar Assumpção (1949-2003), compositor da vanguarda paulistana já frequente no repertório de Zélia.
Para ela, seu oitavo álbum, "Pelo Sabor do Gesto", que sai agora pela Universal, é também "mais leve" que os anteriores.
De fato, ao contrário de "Eu Me Transformo em Outras", em que interpretou o repertório de mestres como Tom Jobim e Dorival Caymmi, e de "Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band", no qual gravou, entre outras, quatro canções de Assumpção e um choro do maestro Guerra Peixe (1914-1993), o novo álbum tem o que Zélia chama de frescor, que ela atribui ao trabalho de Ulhoa.
"Quando fui fazer o "Pré Pós...", tive ansiedade de mostrar muita coisa ao mesmo tempo. Tinha muita informação, mas eu precisava que fosse daquele jeito. Era mais denso, mais urgente no sentido emocional. E acabou sendo muito elogiado", lembra.
Já "Pelo Sabor do Gesto", diz ela, "nasceu todo macio e alegre", com participações de músicos jovens como Curumin e Marcelo Jeneci. "É meio "gente jovem reunida". Eles têm frescor, essa vibração. Eu tenho experiência, um monte de coisas acumuladas que eu gosto de dividir. Parceria, pra mim, é intimidade", diz.

"Duas Namoradas"
Entre os parceiros, há ainda Chico César, com quem ela compôs e cantou "Esporte Fino Confortável".
No estúdio, o músico ouviu a "Italice" -parceria de Itamar Assumpção e Alice Ruiz, cedida a Zélia para o novo disco- e sugeriu que mudasse de nome, do original "Xifópagas" para "Duas Namoradas".
"É mais instigante. A pessoa pensa que é sacana, mas é o namoro entre a música e a poesia", diz ela.
Há ainda duas versões de canções do francês Alex Beaupain, compostas para o longa-metragem "Canções de Amor", do diretor Christophe Honoré ("Em Paris").
"De modo geral, as pessoas têm preconceito com versão", afirma a cantora. Ela mesma estourou com uma versão -"Catedral", feita a partir de "Cathedral Song", de Tanita Tikaram- e, agora, diz que "não aguentou" e gravou "Boas Razões" e "Pelo Sabor do Gesto". "Ficou natural, porque o lance da versão é ser natural, é caber naquele espaço", avalia.
As duas músicas foram liberadas pelo autor após contato feito por Zélia via MySpace.
"Eu vi o filme e fiquei muito emocionada. Comecei a falar disso para alguns amigos e pensei: "Será que é viagem minha pensar em fazer versão dessas músicas?"."
"É diferente de eu querer fazer, por exemplo, uma versão de "Rehab" [de Amy Winehouse], que está super em voga. Daí seria oportunismo", diz.
Os primeiros shows do novo disco vão ser no Teatro Municipal de Niterói, cidade natal de Zélia Duncan, em 4 e 5 de julho.


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