São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 2009

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CONEXÃO POP

Folk onírico


Dirty Projectors, projeto do multi-instrumentista Dave Longstreth, lança um dos bons discos do ano


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

O CINEMA indie americano tornou-se quase monotemático de uns anos para cá. Famílias disfuncionais povoam nove entre dez roteiros. Algo parecido está acontecendo com o rock independente daquele país: mais e mais vemos grupos que enveredam pelo folk, seja um folk mais minimalista, seja algo puxado para o country.
Fica até complicado pescar o que realmente vale a pena, mas a sensação é ótima quando damos de cara com algo tão criativo e emocionante quanto Dirty Projectors.
O grupo é um projeto de Dave Longstreth, multi-instrumentista que chama amigos/outros músicos para ajudá-lo nas composições. "Bitte Orca", mais recente disco, lançado há pouco pelo prestigioso selo Domino Records, parte das raízes da folk music americana mas amplia o escopo com arranjos orquestrados e/ou experimentais.

 


Dave Longstreth está na estrada há anos. Seu primeiro disco, "The Graceful Fallen Mango", saiu em 2002. O primeiro álbum como Dirty Projectors, "The Glad Fact", veio em 2003. Desde então, ele vem burilando seu som, nunca se repetindo.
Aqui entra até uma comparação com outro grande nome do rock indie americano, o Animal Collective, que se aproximou do pop em "Merryweather Post Pavilion", um dos grandes discos de 2009.
"Bitte Orca" também mostra o Dirty Projectors, talvez pela primeira vez, usando elementos mais pop, digeríveis, evitando um certo experimentalismo obtuso que havia em discos anteriores.
Difícil pegar uma ou outra faixa como ponto alto -"Bitte Orca" é redondinho, mesmo tento faixas tão diferentes entre si. Como "Cannibal Resource", que traz estranhos e oníricos vocais femininos de apoio, compondo um arranjo delicado e bem bonito, e "Fluorescent Half Dome", mais crua, mas não menos bela.
Não dá para não se apaixonar pelos violinos de "Stillness is the Move", ou pelo vocal profundo de "Useful Chamber", que chega a lembrar Antony, do grupo Antony and the Johnsons.
 


Claro que é mais fácil o Corinthians ganhar uma Libertadores do que "Bitte Orca" ser lançado no Brasil. Mas dá para ouvir o álbum inteiro na internet. Um bom caminho é o agregador de blogs Hype Machine (http://hypem.com).
 
Tudo bem que a lei é para todo mundo, mas será que Caetano Veloso realmente precisa de incentivo fiscal para montar uma turnê? Porque se até o Caetano precisa de incentivo fiscal, então é melhor estatizar de vez a cultura desse país. Pelo menos a bagunça vai ficar menos hipócrita.
 


Sexta tem Kooks no Via Funchal, em São Paulo. Será que vale a pena? Bem, "Naive" e "Ooh La", pelo menos, são ótimas.

thiago.ney@grupofolha.com.br


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