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ENTRELINHAS
O bolo da Flip
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem todos ficaram contentes com a Festa. Apagadas
as últimas velas da segunda edição da Flip, Sérgio Machado,
dono do gigante Grupo Editorial Record, distribuiu uma carta a amigos propondo mudanças drásticas na divisão do bolo.
O editor diz que o festival de
Parati foi sucesso "incontestável", mas "repete" o que disse
uma revista, segundo a qual a
Flip "é um evento percebido como sendo da Cia. das Letras e
que recebeu apoio de dinheiro
público, que, talvez, estaria melhor empregado na Bienal".
Machado estabelece uma série
de relações entre a Cia. das Letras e o Unibanco, entre esse e a
Biblioteca Nacional (patrocinadores da Flip), e diz: "Se o evento
é democrático e aberto como
alegam seus organizadores,
aproveito para sugerir três providências: Nenhuma editora terá mais que 10% dos autores em
cada edição da festa. A comissão
organizadora será transparente
e haverá um rodízio de seus
membros a cada ano, devendo
fazer parte dela pelo menos um
membro indicado pelo Snel. Todas as despesas com os autores
convidados correrão por conta
do evento". Termina com um
"foi um sucesso o Festival
Bloomsbury/Cia das Letras" e
com a "hipótese" de que a fórmula da Bienal ("o "budget" de
Parati é quase o mesmo do da
Bienal, com a diferença que a
Bienal recebe de 200 a 300 mil visitantes de todas as camadas sociais") possa estar "superada".
FLIPADOS
Cinco mais vendidos da Livraria da Vila instalada na Flip:
"Nação Crioula", "O Dia em
que Zumbi Tomou o Rio" e
"Vendedor de Passado" (os
três do enfant terrible do evento, o angolano José Eduardo
Agualusa, publicados pela
Gryphus), "Noite do Oráculo",
de Paul Auster, e "Budapeste",
de Chico Buarque (ambos da
Companhia das Letras).
DÉJÀ VU
Maior prêmio de ficção do
país, o Portugal Telecom de Literatura Brasileira deve anunciar na segunda os 30 livros
mais votados por seu júri inicial. Dalton Trevisan e Bernardo Carvalho, ganhadores da 1ª
edição, no ano passado, estão
entre eles. João Gilberto Noll e
Luzilá Gonçalves, finalistas em
2003, também. Os dez concorrentes "para valer" aos R$ 150
mil saem em 10 de agosto.
ESQUINDÔ LELÊ
Capa do "The Times Literary
Supplement", prestigiado caderno cultural do jornal inglês
"The Times", que vai às bancas
de Londres hoje: uma mulata
de biquíni branco e a frase
"Brazil Now". Trata-se de resenha do livro "A Death in Brazil", do australiano Peter Robb.
PRIMAVERA A CAVALO
Foram fechados data e local
da próxima edição carioca da
Primavera do Livro, evento de
editoras da Libre. Será de 16 a
19 de setembro no Jóquei Clube. A edição de São Paulo do
evento anual ainda é mistério.
AUTO-ANÁLISE
A Câmara Brasileira do Livro
finaliza o projeto de uma revista mensal sobre o mercado editorial no país. "Panorama Editorial", prevista para setembro,
terá 5.000 exemplares.
TREM DE POUSO
Herói de boa parte da intelectualidade francesa, Jacques Derrida, 74, está com bilhete marcado
para o Brasil. Ele virá em agosto,
para o Colóquio Internacional
Derrida, organizado no Rio pela
Universidade Federal de Juiz de
Fora. Vai fazer a conferência "O
Perdão, a Verdade, a Reconciliação: Qual Gênero?".
@ - elek@folhasp.com.br
FORA DA ESTANTE
Não bastassem as pinturas,
desenhos e esculturas, que já
o afixariam a superbonder
na história da arte brasileira,
Flavio de Carvalho (1899-1973) quis fazer arte também
com a atitude. Esse pioneiro
do happening tapuia, é sabido, vestiu seu saiote no Viaduto do Chá e, entre outras,
caminhou contra uma procissão de Corpus Christi, em
1931, o que relatou em "Experiência nº 2" (que a pequena editora Nau resgatou às
prateleiras em 2001). Outro
livro esquecido do supermodernista, porém, escafedeu-se das livrarias há décadas. É
o ensaio "A Origem Animal
de Deus", que começa com a
pancada "é no aparelho digestivo onde nascem os deuses do mundo". O volume,
publicado pela velha Difel
no ano da morte de 1973,
tem ainda a peça "O Bailado
do Deus Morto", de 1933,
entre outros acepipes, soterrados nos melhores sebos.
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