São Paulo, domingo, 17 de julho de 2005

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TV PAGA

"Eu, Robô" repete velhas fórmulas do cinema

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Houve um tempo em que os filmes começavam com pompa e circunstância, afixando orgulhosamente suas fichas técnicas. Hoje, nos EUA, eles começam não raro de maneira quase clandestina, sem mostrar às vezes nem mesmo o título, sem que a gente saiba se entrou na sala errada, ou se aquilo já é o filme ou ainda é um trailer.
Até que a mudança não é imotivada. Ela corresponde à impessoalidade absoluta da maior parte dos filmes, como "Eu, Robô" (Telecine Premium, 16h40), título tirado de uma coletânea de contos de um dos principais escritores de ficção científica da segunda metade do século 20, Isaac Asimov.
Existe um cheiro de Asimov no filme, mas o essencial vem de outras partes. Will Smith retoma o papel do crioulo simpático e enfezado de "Independence Day". A revolta dos robôs contra seus criadores tem muito a ver com "Matrix" e mais remotamente com "Frankenstein". Os sentimentos do robô Sonny levam em linha reta a "Blade Runner", suas expressões a "E.T.". E por aí vamos.
Embora a originalidade fique bastante comprometida, não existe mal em si em recolher elementos de filmes passados para compor o seu. O problema, no caso, vem mais da ausência de um ponto de vista que distingua "Eu, Robô" de qualquer outro filme do gênero.
O que Alex Proyas parece buscar é garantir-se junto ao público pela semelhança com outros filmes que oferece ao espectador. Não faltam, claro, as perseguições de automóvel e, se um romance não é entabulado entre o herói e a psicóloga de robôs, isso parece se dar apenas porque não houve tempo. Os efeitos especiais tão pouco especiais completam o quadro de um filme decepcionante, pelo que se podia esperar de um título ilustre, mas ao mesmo tempo rotineiro, rotineiro demais.

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