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TV PAGA
"Eu, Robô" repete velhas fórmulas do cinema
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Houve um tempo em que os
filmes começavam com
pompa e circunstância, afixando
orgulhosamente suas fichas técnicas. Hoje, nos EUA, eles começam
não raro de maneira quase clandestina, sem mostrar às vezes
nem mesmo o título, sem que a
gente saiba se entrou na sala errada, ou se aquilo já é o filme ou ainda é um trailer.
Até que a mudança não é imotivada. Ela corresponde à impessoalidade absoluta da maior parte
dos filmes, como "Eu, Robô" (Telecine Premium, 16h40), título tirado de uma coletânea de contos
de um dos principais escritores de
ficção científica da segunda metade do século 20, Isaac Asimov.
Existe um cheiro de Asimov no
filme, mas o essencial vem de outras partes. Will Smith retoma o
papel do crioulo simpático e enfezado de "Independence Day". A
revolta dos robôs contra seus criadores tem muito a ver com "Matrix" e mais remotamente com
"Frankenstein". Os sentimentos
do robô Sonny levam em linha reta a "Blade Runner", suas expressões a "E.T.". E por aí vamos.
Embora a originalidade fique
bastante comprometida, não
existe mal em si em recolher elementos de filmes passados para
compor o seu. O problema, no caso, vem mais da ausência de um
ponto de vista que distingua "Eu,
Robô" de qualquer outro filme do
gênero.
O que Alex Proyas parece buscar é garantir-se junto ao público
pela semelhança com outros filmes que oferece ao espectador.
Não faltam, claro, as perseguições
de automóvel e, se um romance
não é entabulado entre o herói e a
psicóloga de robôs, isso parece se
dar apenas porque não houve
tempo. Os efeitos especiais tão
pouco especiais completam o
quadro de um filme decepcionante, pelo que se podia esperar de
um título ilustre, mas ao mesmo
tempo rotineiro, rotineiro demais.
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