São Paulo, domingo, 17 de julho de 2011 |
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CRÍTICA DOCUMENTÁRIO Madonna se explica em filme sobre órfãos Produção foi escrita e produzida pela cantora americana, que tem dois filhos adotados nascidos no Maláui FÁBIO ZANINI EDITOR DE MUNDO "Madonna e os Órfãos da África" formalmente é um documentário sobre o drama das crianças sem família no continente. Mas é difícil não vê-lo como uma tentativa da estrela americana, produtora-executiva e roteirista do filme, de se explicar perante os fãs. Em 2006, Madonna visitou o Maláui, país no sul da África que, ela confessa, não sabia localizar no mapa. Voltou com o bebê David Banda, a quem adotou. Choveram loas a seu gesto, mas também críticas de ONGs a uma prática que estaria incentivando o sombrio e mal regulado negócio da adoção internacional. Em 2009, Madonna tentou adotar a menina Mercy James. A Justiça do Maláui impediu e depois voltou atrás. Os dois vivem até hoje com a cantora e seus filhos biológicos, Lourdes Maria e Rocco. A orfandade na África é uma decorrência direta da Aids. Há 20 anos, a doença se tornou epidemia, e os filhos dos que morreram lotam hoje orfanatos e casas de vizinhos ou parentes. Este é um fenômeno em que o filme apenas resvala: o conceito de "família estendida", em que avós, tios e primos distantes abrigam crianças desamparadas, com o efeito colateral de multiplicar a espiral da pobreza. Quando se dedica a ser mais documentário e menos peça de defesa, a produção aborda de maneira desconexa o tema da adoção. Amontoam-se relatos de crianças sem pais que os incentivem a ir à escola, cenas fortes de homens e mulheres agonizando sob os efeitos do HIV e relatos de grifes do africanismo como do ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, do arcebispo sul-africano Desmond Tutu e do economista Jeffrey Sachs. Pior é quando o documentário tenta criar uma narrativa única para os problemas do planeta -mesclando os órfãos africanos, o derretimento de geleiras, a especulação nas Bolsas de Valores e o terrorismo islâmico. Parado no tempo, sem acesso ao mar e ainda sofrendo os efeitos de décadas de uma ditadura, o Maláui, parece dizer Madonna, é um lugar sem futuro (embora não seja o segundo país mais pobre do mundo, como exagera o documentário; é o 17º, de acordo com o último ranking da ONU). Por isso, conclui ela, adotar é justificável. "Todos precisam de pais. E se não houver pais?", pergunta. NA TV Madonna e os Órfãos Estreia do documentário QUANDO hoje, à 0h30, no GNT CLASSIFICAÇÃO não informada Texto Anterior: Vanessa Vê TV - Vanessa Barbara: A gênese do coraçãozinho Próximo Texto: "Manon", de Massenet, encerra Coleção Folha Grandes Óperas Índice | Comunicar Erros |
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