São Paulo, domingo, 17 de julho de 2011 |
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VANESSA VÊ TV VANESSA BARBARA - vanessa.barbara@uol.com.br A gênese do coraçãozinho A PRIMEIRA vez que vi alguém fazendo um coração com as mãos foi na plateia do programa "Manos e Minas", da TV Cultura. Fiquei imediatamente tomada de curiosidade antropológica. Em meu afã investigativo, mal consegui me defender da avalanche de mãos em coraçãozinho que assolam a TV, sobretudo em reality shows e programas vespertinos de fofoca. Há sites com extensas compilações só de celebridades fazendo o tal gesto e confusas especulações sobre quem teria lançado a moda. No Brasil, diz-se que o precursor foi Alexandre Pato. Ao marcar seu primeiro gol no Milan, há três anos, o atacante comemorou fazendo um coração às câmeras, dedicando-o a Sthefany Brito, sua namorada na época. Daí em diante, aderiram à moda jogadores como Vágner Love (Flamengo), Ronaldo (Corinthians), Dagoberto (São Paulo) e Rildo (Vitória). Em vez de irem celebrar com os companheiros de time, o técnico ou a torcida, eles procuram as câmeras e sacam um empolgado S2 ao éter. (S2 é o "emoticon" que representa o coração.) No exterior, o "hand heart" é atribuído a artistas adolescentes como Taylor Swift e Justin Bieber, além de Lady Gaga e Selena Gomez, que costumam acenar aos fãs dessa forma. O símbolo pode também ser remetido ao Claddagh, tradicional anel irlandês de compromisso que traz uma figura dourada de coração envolvido por duas mãos e uma coroa. Ou, ainda, a uma gangue de traficantes de cocaína em Chicago, chamada Gangster Disciples, que adotava o símbolo do "coração com asas", com os dedos erguidos, sabe-se lá por quê. Certo é que o gesto tem relação íntima com a exibicionice popular, visto que é prontamente acionado quando há uma câmera por perto. Trata-se de uma versão mais espontânea do "Filma eu, Galvão" ou dos antiquados tchauzinhos. Embora não se possa identificar com precisão histórica o criador da moda, sei exatamente quem a consagrou, elevando-a ao status de arte: o cantor sertanejo Luan Santana. Em perfil publicado pela revista "Piauí" de janeiro, ele sobe ao palco e diz ter um presente para as fãs. "Finge então procurar alguma coisa nos bolsos, não encontra e finalmente ergue as mãos em forma de coração." O público entra em êxtase. É um mestre. Texto Anterior: Análise: Na contramão do Brasil, EUA diminuem espaço de tramas Próximo Texto: Crítica/Documentário: Madonna se explica em filme sobre órfãos Índice | Comunicar Erros |
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