São Paulo, sábado, 17 de setembro de 2005

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QUANTO VALE OU É POR QUILO?

Barraca em Bangu supre falta de biblioteca

Sebo divide espaço com frutas e legumes

DA SUCURSAL DO RIO

O vendedor de livros Adilo do Carmo, 52, disputa a atenção dos consumidores em meio a bananas, laranjas e peixes. Três vezes por semana, ele monta uma barraca de livros em feiras livres de Bangu, bairro da zona oeste do Rio. Apesar da concorrência ingrata, já conquistou um público fiel nos oito anos em que decidiu montar seu sebo ambulante em local tão inóspito.
Na sua barraca, é grande a procura por romances de revistas como "Júlia" e "Sabrina" e alguns policiais, mas essas obras convivem em harmonia com outras destinadas a um público mais sofisticado, que encontra lá clássicos como "O Capital", de Karl Marx, ou "O Choque das Civilizações", de Samuel Huntington.
"Eu venho aqui trocar livros, mas aproveito para fazer a feira", diz a estudante Darlene de Almeida, 18, fã da romancista policial Agatha Christie.
Parte do sucesso de Carmo é explicado pela omissão do poder público, já que não há biblioteca pública em Bangu. Trabalhando com livro desde 1970, foi aos poucos montando um acervo que o fez transformar o primeiro andar de sua casa em livraria.
Sem bibliotecas públicas no bairro, é para lá que boa parte dos estudantes de Bangu vão quando precisam de ajuda em trabalhos escolares. De tanto atender alunos, Carmo acaba atuando indiretamente também como professor particular desses jovens.
"O estudante sempre está perdido. Ele entra aqui querendo achar algo já pronto, apenas para fazer o trabalho escolar. A gente até tenta incentivar que eles levem um livro para casa para ler, mas são poucos os que se interessam", afirma Silvia do Carmo, mulher do livreiro e que cuida da loja enquanto o marido está na feira. (AG)


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