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QUANTO VALE OU É POR QUILO?
Barraca em Bangu supre falta de biblioteca
Sebo divide espaço com frutas e legumes
DA SUCURSAL DO RIO
O vendedor de livros Adilo
do Carmo, 52, disputa a atenção dos consumidores em
meio a bananas, laranjas e peixes. Três vezes por semana, ele
monta uma barraca de livros
em feiras livres de Bangu, bairro da zona oeste do Rio. Apesar
da concorrência ingrata, já
conquistou um público fiel nos
oito anos em que decidiu montar seu sebo ambulante em local tão inóspito.
Na sua barraca, é grande a
procura por romances de revistas como "Júlia" e "Sabrina" e
alguns policiais, mas essas
obras convivem em harmonia
com outras destinadas a um
público mais sofisticado, que
encontra lá clássicos como "O
Capital", de Karl Marx, ou "O
Choque das Civilizações", de
Samuel Huntington.
"Eu venho aqui trocar livros,
mas aproveito para fazer a feira", diz a estudante Darlene de
Almeida, 18, fã da romancista
policial Agatha Christie.
Parte do sucesso de Carmo é
explicado pela omissão do poder público, já que não há biblioteca pública em Bangu.
Trabalhando com livro desde
1970, foi aos poucos montando
um acervo que o fez transformar o primeiro andar de sua
casa em livraria.
Sem bibliotecas públicas no
bairro, é para lá que boa parte
dos estudantes de Bangu vão
quando precisam de ajuda em
trabalhos escolares. De tanto
atender alunos, Carmo acaba
atuando indiretamente também como professor particular
desses jovens.
"O estudante sempre está
perdido. Ele entra aqui querendo achar algo já pronto, apenas
para fazer o trabalho escolar. A
gente até tenta incentivar que
eles levem um livro para casa
para ler, mas são poucos os que
se interessam", afirma Silvia do
Carmo, mulher do livreiro e
que cuida da loja enquanto o
marido está na feira.
(AG)
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