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LITERATURA
Documentário destrincha obra de Mindlin
JULIÁN FUKS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ter à disposição todas as letras
jamais forjadas pela mão humana, todos os livros jamais produzidos por suas arcaicas prensas,
era o ambicioso sonho de Ptolomeu ao fundar a biblioteca de Alexandria. Mais modesto, mas não
menos sonhador, tem sido um
brasileiro, milênios mais tarde, a
percorrer sebos e freqüentar colecionadores, em busca dos poucos
exemplares que verdadeiramente
lhe tocam os olhos e a alma.
Trata-se de José Mindlin, cuja
biblioteca privada vem aos poucos, como a incendiária Alexandria, convertendo-se em mito a
transcender seu tempo. Um brasileiro e uma obra engendrada a
custo, durante 87 anos de vida,
que sem dúvida valem a homenagem: são ambos tema do documentário "Biblioteca Mindlin:
Um Mundo em Páginas", de Cristina Fonseca.
Na vida de Mindlin, a partir do
distante ano de 1931, quando pela
primeira vez pôs os pés num sebo,
os livros foram pouco a pouco
ocupando seu espaço. De início,
as paredes da sala de sua ampla
casa, na zona sul de São Paulo. Em
seguida, um e outro cômodo, as
paredes da escada, os corredores.
Logo, um espaço montado no jardim. Depois, quando se confirmou que o terreno era pequeno
demais para os quase 30 mil livros, duas novas casas alugadas.
Não se trata, entretanto, de uma
invasão de livros quaisquer. Diferente da de Alexandria, a biblioteca de Mindlin não prima pela
completude ou pela quantidade.
Nela, vale a qualidade e abundam
as raridades, de antigüidades como os incunábulos -posteriores
a Gutenberg, mas anteriores a
1500- a primeiras versões anotadas por João Guimarães Rosa e
Graciliano Ramos.
Atestando-o e relatando suas
experiências de freqüentadores
da biblioteca, além de dispersando-se em assuntos variados do
mundo dos livros e da literatura,
Antonio Candido, José Saramago e outros célebres prestam seus
depoimentos ao documentário.
Biblioteca Mindlin: Um Mundo em Páginas
Quando: amanhã, às 14h30; segunda,
às 12h, no Canal Brasil
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