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DJs relutam em trocar vinil por CDs e MP3
DA REPORTAGEM LOCAL
O que pega melhor numa pista de dança: o som analógico do
disco de vinil ou a praticidade
dos CDs e arquivos digitais em
MP3? Segundo quem mais entende do assunto, os DJs, nesse
ambiente, as diferenças que caracterizam a sonoridade de um
e outro -veja quadro- se tornam imperceptíveis. O que determina se a festa é boa ou não é
o equipamento de som.
"Tudo é relativo, depende do
lugar", acredita o produtor de
tecno Renato Cohen. "Numa
casa noturna ou numa pista
grande, não acho que dê para
notar a diferença de qualidade", diz ele, que toca os dois.
Mas, ainda que o equipamento seja o personagem principal
no cenário dos clubes, os DJs
consultados pela Folha foram
unânimes: preferem discos de
vinil. Os motivos vão desde o
"tesão" ao segurar as bolachas,
como apontou o produtor de
tecno Anderson Noise, como a
praticidade de manuseio.
"No vinil é muito mais fácil
pular para o meio de uma música. Mas, com a tecnologia, o
CD está chegando lá", descreve
Cohen. Ele é um dos poucos
para quem tanto faz usar CD,
vinil ou MP3. "Gosto dos dois.
No CD, por exemplo, dá para
tocar a música numa velocidade diferente, sem alterar sua
tonalidade original."
A principal vantagem, relata
Cohen, é a facilidade para comprar os arquivos em MP3. "Pelo
disco [importado] tenho que
esperar duas semanas. Isso
quando não fica parado na alfândega. O MP3 é só baixar."
Mesmo com essa funcionalidade, muitos ainda são reticentes. "Só uso mesmo quando é
uma música que ainda não tenho em vinil", conta Noise.
Ele admite que, hoje, as diversidades sonoras entre CDs e
discos de vinil são perceptíveis
somente no estúdio ou em aparelhos caseiros. "Numa festa,
com compressor, som equalizado etc., dá a impressão de ser
uma coisa única. A grande diferença é o manuseio."
Radicais
Se os protagonistas da cena
eletrônica trafegam com mais
tranqüilidade entre esses formatos, no hip hop, cultura que
celebra os malabarismos nos
toca-discos, eles são radicais.
"Não sou purista, não odeio o
digital, mas sou analógico", diz
o DJ Nuts. "Não dou valor nenhum para o CD. Acho melhor
ouvir um som que tenha uma
"sujeirinha"."
"95% do que toco vem de discos de vinil. Os 5% em CD são
músicas que não há em vinil",
conta KL Jay, DJ do grupo Racionais MCs, para quem o som
dos discos é "muito mais real".
"O vinil realça o som dos instrumentos. Além disso, tem o
fato de tirar da capa e colocar
no toca-discos. A sensação é a
mesma de tocar a bola em um
campo de futebol."
DJ Hum, que estourou a música "Senhorita" nas pistas graças ao fato de tê-la lançado em
compacto -leia texto ao lado-,
diz que as bolachas trazem
"mais credibilidade ao DJ". "Se
não trabalhar com vinil, você
não demonstra suas qualidades
técnicas", conclui DJ Hum. "O
vinil ainda é a alma do disc-jóquei."
(AFS e LFV)
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