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Crítica
Filme mostra união entre sexo e ciência
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Por uma série de razões é
bom o subtítulo "Vamos Falar
de Sexo" aposto a "Kinsey"
no filme que hoje passa no Telecine Premium (às 23h45).
Em primeiro lugar, existe algo de picante nele, a sugestão
de que algo meio safado possa
rolar ali. Em segundo, e independente disso, o fato é que hoje em dia pouca gente tem idéia
de quem seja Kinsey ou do que
seja o seu relatório.
Começando pelo começo, o
filme nos informa que esse biólogo, professor universitário
promissor, filho de um homem
religioso, começa a se interessar pela sexualidade ao descobrir que, homem feito, não sabe bulhufas a respeito.
Aos poucos, Kinsey cairá na
real: o século 20 já está em andamento e parece que quase
ninguém, nos EUA, sabe alguma coisa sobre o assunto. Esse
é o início de sua carreira de sexólogo e do amplo levantamento da vida sexual dos americanos, que resultarão no revolucionário relatório de 1948.
Talvez o mais interessante
do filme seja a associação direta entre sexualidade e ciências
naturais. Se a psicanálise pôde
ser vista como mera sem-vergonhice durante décadas, a
ciência positiva serviu às investigações de Kinsey.
Será isso mesmo ou essa
idéia de bom rapaz é a que quer
nos vender o filme de Bill Condon? Sim, porque a trajetória
de Kinsey no filme é surpreendentemente destituída de conflitos. Por mais cientista que
fosse, é de sexo que ele tratava,
e isso não existe sem conflito.
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