São Paulo, domingo, 17 de setembro de 2006

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Crítica

Filme mostra união entre sexo e ciência

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Por uma série de razões é bom o subtítulo "Vamos Falar de Sexo" aposto a "Kinsey" no filme que hoje passa no Telecine Premium (às 23h45).
Em primeiro lugar, existe algo de picante nele, a sugestão de que algo meio safado possa rolar ali. Em segundo, e independente disso, o fato é que hoje em dia pouca gente tem idéia de quem seja Kinsey ou do que seja o seu relatório.
Começando pelo começo, o filme nos informa que esse biólogo, professor universitário promissor, filho de um homem religioso, começa a se interessar pela sexualidade ao descobrir que, homem feito, não sabe bulhufas a respeito.
Aos poucos, Kinsey cairá na real: o século 20 já está em andamento e parece que quase ninguém, nos EUA, sabe alguma coisa sobre o assunto. Esse é o início de sua carreira de sexólogo e do amplo levantamento da vida sexual dos americanos, que resultarão no revolucionário relatório de 1948.
Talvez o mais interessante do filme seja a associação direta entre sexualidade e ciências naturais. Se a psicanálise pôde ser vista como mera sem-vergonhice durante décadas, a ciência positiva serviu às investigações de Kinsey.
Será isso mesmo ou essa idéia de bom rapaz é a que quer nos vender o filme de Bill Condon? Sim, porque a trajetória de Kinsey no filme é surpreendentemente destituída de conflitos. Por mais cientista que fosse, é de sexo que ele tratava, e isso não existe sem conflito.


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