São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 2000

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Globo pode formar núcleo de cinema

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O sucesso da exibição de "O Auto da Compadecida", que já foi visto por cerca de 1,4 milhão de pessoas, se transformou em uma arma poderosa na batalha do diretor Guel Arraes pela criação de um núcleo de cinema na Globo.
Diferente da Globofilmes, que produz exclusivamente para o cinema, o núcleo iria conciliar a produção da televisão com a cinematográfica. "O projeto está no contexto do investimento na convergência de mídias", diz Guel. "Esse núcleo já poderia existir na Globo há muito tempo por meio do Daniel Filho, que é diretor da Globofilmes. Ele foi responsável por algumas produções em película para a televisão, como o seriado "Mulher", que depois passou a ser rodado em HD (alta definição)", diz o diretor. "Vários trabalhos poderiam ter sido levados ao cinema, como "Grande Sertão: Veredas", por exemplo. A TV no Brasil é uma verdadeira "Hollywoodizinha'", afirma.
Quando teve a idéia de produzir a minissérie "O Auto da Compadecida", com a intenção de depois transformá-la em filme, o diretor foi pessoalmente pedir o apoio de Marluce Dias da Silva, diretora-geral da emissora. "Para convencê-la, usei o argumento de que isso poderia ser um cartão de visitas para a Globo, que poderíamos participar de festivais e isso seria bom para a emissora. Não tínhamos idéia de que pudesse gerar lucro. Ela aceitou a proposta pela qualidade artística da obra e acabou ficando meio parceira desse negócio", diz Guel Arraes.
Agora o cenário é outro. Mais que eficiente para a imagem da Globo, "O Auto da Compadecida" gerou lucro, o que torna cada vez mais próximo o sonho de Guel de formar um núcleo de cinema na emissora. "Essa questão já está sendo tratada informalmente na Globo. Sem dúvida, deve-se aproveitar essa fase do sucesso de "O Auto" para começar a colocar os planos em prática", disse o diretor.
Guel afirma que a Globo, em breve, vai testar novamente a fórmula de transformar minissérie em filme. As candidatas são "A Invenção do Brasil" e "Luna Caliente". "Para "A Invenção", falta finalizar alguns detalhes técnicos. A minissérie foi feita em HD e precisou ser transformada em película." "Estamos vendo como fica essa transformação tecnicamente. Se funcionar bem, vai nos ajudar muito, porque trabalhar com película na televisão é mais complicado, pelo custo elevado e pela falta de contato da equipe de produção de TV com esse sistema", diz Guel Arraes.
"O Auto da Compadecida", rodada em película, custou R$ 2 milhões e a transformação teve um custo de R$ 400 mil.

Série curta
Segundo Guel, para se transformar em filme, a minissérie tem de ser curta. "Quando alguém deixa de assistir algum episódio de uma série longa, como "Aquarela do Brasil", não perde o curso da história. Quando a série é curta, com três ou quatro capítulos, perder um faz muita falta. Assim, o telespectador pode acompanhar depois no cinema", explica.


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