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Globo pode formar núcleo de cinema
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O sucesso da exibição de "O Auto da Compadecida", que já foi
visto por cerca de 1,4 milhão de
pessoas, se transformou em uma
arma poderosa na batalha do diretor Guel Arraes pela criação de
um núcleo de cinema na Globo.
Diferente da Globofilmes, que
produz exclusivamente para o cinema, o núcleo iria conciliar a
produção da televisão com a cinematográfica. "O projeto está no
contexto do investimento na convergência de mídias", diz Guel.
"Esse núcleo já poderia existir na
Globo há muito tempo por meio
do Daniel Filho, que é diretor da
Globofilmes. Ele foi responsável
por algumas produções em película para a televisão, como o seriado "Mulher", que depois passou
a ser rodado em HD (alta definição)", diz o diretor. "Vários trabalhos poderiam ter sido levados ao
cinema, como "Grande Sertão:
Veredas", por exemplo. A TV no
Brasil é uma verdadeira "Hollywoodizinha'", afirma.
Quando teve a idéia de produzir
a minissérie "O Auto da Compadecida", com a intenção de depois
transformá-la em filme, o diretor
foi pessoalmente pedir o apoio de
Marluce Dias da Silva, diretora-geral da emissora. "Para convencê-la, usei o argumento de que isso poderia ser um cartão de visitas
para a Globo, que poderíamos
participar de festivais e isso seria
bom para a emissora. Não tínhamos idéia de que pudesse gerar
lucro. Ela aceitou a proposta pela
qualidade artística da obra e acabou ficando meio parceira desse
negócio", diz Guel Arraes.
Agora o cenário é outro. Mais
que eficiente para a imagem da
Globo, "O Auto da Compadecida" gerou lucro, o que torna cada
vez mais próximo o sonho de
Guel de formar um núcleo de cinema na emissora. "Essa questão
já está sendo tratada informalmente na Globo. Sem dúvida, deve-se aproveitar essa fase do sucesso de "O Auto" para começar a
colocar os planos em prática",
disse o diretor.
Guel afirma que a Globo, em
breve, vai testar novamente a fórmula de transformar minissérie
em filme. As candidatas são "A
Invenção do Brasil" e "Luna Caliente". "Para "A Invenção", falta
finalizar alguns detalhes técnicos.
A minissérie foi feita em HD e
precisou ser transformada em película." "Estamos vendo como fica essa transformação tecnicamente. Se funcionar bem, vai nos
ajudar muito, porque trabalhar
com película na televisão é mais
complicado, pelo custo elevado e
pela falta de contato da equipe de
produção de TV com esse sistema", diz Guel Arraes.
"O Auto da Compadecida", rodada em película, custou R$ 2 milhões e a transformação teve um
custo de R$ 400 mil.
Série curta
Segundo Guel, para se transformar em filme, a minissérie tem de
ser curta. "Quando alguém deixa
de assistir algum episódio de uma
série longa, como "Aquarela do
Brasil", não perde o curso da história. Quando a série é curta, com
três ou quatro capítulos, perder
um faz muita falta. Assim, o telespectador pode acompanhar depois no cinema", explica.
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