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Pessimismo marca fim de série
ARTICULISTA DA FOLHA
"Naqoyqatsi " encerra a
trilogia apocalíptica de
Godfrey Reggio e Philip Glass.
Tudo começou em 83, com "Koyaanisqatsi" ("Vida Desbalanceada"), e prosseguiu em 87, com
"Powaqqatsi" ("Vida em Transição"), em parte rodado no Brasil.
O primeiro capítulo explorava,
em imagens compressoras do
tempo e com majestosa música
minimalista, a aceleração e desumanização da vida contemporânea na sociedade industrial. No
segundo, recorrendo à desaceleração das imagens, se denunciava
a violência contra a natureza.
Quinze anos depois, eis Reggio e
Glass voltando-se para a sociedade pós-industrial, marcada pelo
progresso científico, pela militarização da cultura e pela globalização da informação. Este é, assim,
o mais episódio pessimista.
O filme começa com a torre de
Babel de Brueghel e se encerra
com um homem perdido no espaço que cita tanto Kubrick
("2001") quanto Peleshian ("Nossa História"). Cenas de arquivo
combinam-se com imagens manipuladas. Em estilo tradicionalmente associativo, aqui e ali flertando com o abstracionismo, estrutura o filme em prólogo, epílogo e quatro partes: o homem, a
terra, o espaço e a violência.
Como em Marx, tudo que é sólido desmancha no ar no mundo
do progresso desregrado de Reggio/Glass. Líderes políticos vêem
tudo como modelos para um museu de cera. Bush filho, Lincoln e
Arafat marcam presença.
Bin Laden surge brevemente,
caminhando entre seguidores, no
turbilhão de imagens jornalísticas
que confunde mais do que explica. Nada há, mais explícito, de 11
de setembro. Mas sua lógica macabra está aqui.
(AMIR LABAKI)
Naqoyqatsi
Direção: Godfrey Reggio
Produção: EUA, 2002
Quando: hoje, às 22h20, no Unibanco
Arteplex; amanhã, às 12h30, no Cinearte;
sábado, às 14h55, no Unibanco Arteplex;
e dia 27, às 22h10, no Cineclube DirecTV
Veja programação completa em www.folha.com.br/especial/2002/mostrabrdecinema
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