São Paulo, sábado, 17 de outubro de 2009

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Comentário


"ER" é marco de época do "sangue, soro e lágrimas"

Série, que termina após 15 anos, deu origem a vários outros programas médicos

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

Sangue, salas de emergência lotadas de médicos, enfermeiras que contam até três para tirar um paciente da maca e colocá-lo na cama, grandes acidentes, mortos e feridos. Há 15 anos acompanhamos essa rotina avidamente em "ER", também conhecido como "Plantão Médico", um dos programas de maior sucesso da TV dos últimos tempos. "ER", que tem sua última temporada exibida pela Warner em outubro, é um clássico dos anos 90-00, assim como "Swatt" e "As Panteras" o foram nos anos 70. George Clooney é uma Farrah Fawcett contemporânea. E dá para imaginar que, daqui a algum tempo, falaremos: "Lembra da época de "ER?".
A época de "ER" é um tempo em que saúde e, principalmente, a longevidade, viraram obsessões. E, com isso, a hipocondria. Ao assistir ao seriado, tomamos contato com doenças variadas, remédios e formas avançadas de ressuscitação. Nos sentimos os próprios doutores, capazes de fazer diagnósticos e, quem sabe, salvar vidas.
Engraçado perceber que justamente quando mais achamos que vamos viver para sempre, mais ficamos com mania de ver gente quase morrendo ou batendo as botas de fato, nas telas da TV. Sim, porque "ER" é tão importante que lançou uma moda de programas de pronto-socorro. A Globo já exibiu "Mulher", entre 98 e 99, no auge da febre "Plantão Médico".
E hoje, os órfãos de "ER" podem se consolar com "Scrubs" (uma versão comédia da primeira) e "Grey's Anatomy" (também mais engraçado que o seriado clássico, mas mesmo assim com direito a mortes e protagonistas com câncer). E, é claro, o programa de médico "tendência do momento", "House", em que um doutor "excêntrico" lida com casos escabrosos de maneira inusitada.
Quem tem mais estômago pode ver também reality shows de pronto-socorro. Em que o bicho pega de verdade. Um desses programas é "Pronto-Socorro, Histórias de Emergência", exibido pelo Discovery Channel. Trata-se da rotina real de um PS. O programa é contra-indicado para pessoas sensíveis. Difícil é saber quem não é sensível aos gritos de dor (reais) que ecoam da televisão.
Poucas coisas são mais assustadoras do que se imaginar sozinho em um pronto-socorro. E morrer de câncer é um pavor tão grande que existem livros e dietas para evitar "a doença maligna". Mesmo assim, gostamos de ver gente sofrendo e gritando de dor. Por mais que a TV seja um entretenimento, vez ou outra paramos o controle remoto em programas que mostram a chegada da "senhora da foice" de forma cruel (e existe outro?). Ver sangue e remédios nos entretém.
E por isso os fãs de "ER" já se preparam para assistir, com direito a "festinha" e a pipoca, ao último capítulo da série, que vai ao ar no dia 28 de outubro aqui no Brasil. Mas eles não ficarão abandonados. A época de "ER", pelo jeito, não está perto de acabar. E quem quiser ver sangue, soro e lágrimas (e um remedinho para rebater) não vai ter muitas dificuldades em saciar sua sede. É só mudar de canal. Simples assim.


ER

Quando: o último episódio será exibido no dia 28/10, às 21h
Onde: no Warner Channel
Classificação indicativa: não informada




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