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Comentário
"ER" é marco de época do "sangue, soro e lágrimas"
Série, que termina após 15 anos, deu origem a vários outros programas médicos
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
Sangue, salas de emergência
lotadas de médicos, enfermeiras que contam até três para tirar um paciente da maca e colocá-lo na cama, grandes acidentes, mortos e feridos. Há 15
anos acompanhamos essa rotina avidamente em "ER", também conhecido como "Plantão
Médico", um dos programas de
maior sucesso da TV dos últimos tempos. "ER", que tem sua
última temporada exibida pela
Warner em outubro, é um clássico dos anos 90-00, assim como "Swatt" e "As Panteras" o
foram nos anos 70. George
Clooney é uma Farrah Fawcett
contemporânea. E dá para imaginar que, daqui a algum tempo, falaremos: "Lembra da época de "ER?".
A época de "ER" é um tempo
em que saúde e, principalmente, a longevidade, viraram obsessões. E, com isso, a hipocondria. Ao assistir ao seriado, tomamos contato com doenças
variadas, remédios e formas
avançadas de ressuscitação.
Nos sentimos os próprios doutores, capazes de fazer diagnósticos e, quem sabe, salvar vidas.
Engraçado perceber que justamente quando mais achamos
que vamos viver para sempre,
mais ficamos com mania de ver
gente quase morrendo ou batendo as botas de fato, nas telas
da TV. Sim, porque "ER" é tão
importante que lançou uma
moda de programas de pronto-socorro. A Globo já exibiu "Mulher", entre 98 e 99, no auge da
febre "Plantão Médico".
E hoje,
os órfãos de "ER" podem se
consolar com "Scrubs" (uma
versão comédia da primeira) e
"Grey's Anatomy" (também
mais engraçado que o seriado
clássico, mas mesmo assim
com direito a mortes e protagonistas com câncer). E, é claro, o
programa de médico "tendência do momento", "House", em
que um doutor "excêntrico" lida com casos escabrosos de
maneira inusitada.
Quem tem mais estômago
pode ver também reality shows
de pronto-socorro. Em que o
bicho pega de verdade. Um desses programas é "Pronto-Socorro, Histórias de Emergência", exibido pelo Discovery
Channel. Trata-se da rotina
real de um PS. O programa é
contra-indicado para pessoas
sensíveis. Difícil é saber quem
não é sensível aos gritos de dor
(reais) que ecoam da televisão.
Poucas coisas são mais assustadoras do que se imaginar sozinho em um pronto-socorro. E
morrer de câncer é um pavor
tão grande que existem livros e
dietas para evitar "a doença
maligna". Mesmo assim, gostamos de ver gente sofrendo e gritando de dor. Por mais que a TV
seja um entretenimento, vez ou
outra paramos o controle remoto em programas que mostram a chegada da "senhora da
foice" de forma cruel (e existe
outro?). Ver sangue e remédios
nos entretém.
E por isso os fãs de "ER" já se
preparam para assistir, com direito a "festinha" e a pipoca, ao
último capítulo da série, que vai
ao ar no dia 28 de outubro aqui
no Brasil. Mas eles não ficarão
abandonados. A época de "ER",
pelo jeito, não está perto de
acabar. E quem quiser ver sangue, soro e lágrimas (e um remedinho para rebater) não vai
ter muitas dificuldades em saciar sua sede. É só mudar de canal. Simples assim.
ER
Quando: o último episódio será exibido no dia 28/10, às 21h
Onde: no Warner Channel
Classificação indicativa: não informada
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