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Empresas dizem que trabalho de piratas é ruim
Legendas de blogueiros desrespeitam quantidade de texto possível de ser lido
Apesar de rapidez, fãs deixam diálogos muito longos por querer explicar tudo; tradutora estima enxugar 20%
DA ENVIADA AO RIO
A internet sempre acompanhou o lançamento internacional das séries.
Blogueiros e fãs baixam
seus programas favoritos e,
em uma madrugada, liberam
arquivos gratuitos -embora
piratas- a quem interessar.
As empresas de legendagem defendem que a qualidade de serviços prestados é
inferior. Sabrina Martinez,
diretora da Gemini e uma das
maiores especialistas em tradução audiovisual, diz que
verter ao português todas as
palavras é um "desserviço".
"O diálogo fica impossível
de ser lido por qualquer ser
humano. A boa tradução tem
de enxugar", explica ela, que
estima perder 20% das palavras durante o processo.
"Consideramos "acompanhável" um máximo de 15 letras por linha de texto."
Além disso, não há a preocupação de padronizar a linguagem nem com o português, diz Marcelo Leite, diretor da Drei Marc. "Se ficar definido que essa é a qualidade
que se quer, podemos fazer
mais rápido. O mercado dita
qual é o critério de bom."
Mas indica que os clientes
ainda não aceitam essa tradução "frankenstein".
E, por enquanto, não tem
sido financeiramente atraente acelerar muito o procedimento. A "taxa de urgência"
encarece a tradução e muitas
vezes acarreta mais erros (veja exemplos nesta página).
Gustavo Grossmann, diretor-geral da HBO, diz que
custa de US$ 4.000 a US$
6.000 (R$ 6.600 a R$ 13,2 mil)
para traduzir um episódio.
No caso de "True Blood",
que apresentou o final da terceira temporada no mesmo
dia que os EUA, foi feita uma
tradução do próprio canal.
"Teve uma pausa na exibição dos capítulos inéditos e
acabamos nos juntando à TV
americana. Achamos que seria um bom marketing exibir
simultaneamente."
A versão brasileira foi feita
a partir de uma cópia não finalizada do capítulo. Com a
chegada da edição final, a
emissora fez uma revisão e
levou o produto ao ar.
"Dá para traduzir em quatro horas, espalhando o processo por três pessoas, mas
só fazemos em casos especiais. É muito trabalhoso."
SUBTEXTO
Os tradutores apontam
que episódios baseados em
fatos reais dificultam a legendagem. "Se você não está a
par do conceito em que a série se baseia, pode fazer uma
grande bobagem", diz Leite.
Mas ele conta que o mais
difícil é entender as ironias
de personagens de "House"
ou "The Good Wife".
"A nuance e o subtexto do
que eles falam pode ser mais
importante do que o conteúdo que estão repetindo."
Com isso, são valorizados
profissionais com conhecimento do universo retratado.
"House", que tem falas muito técnicas sobre procedimentos médicos, fica a cargo
sempre da mesma tradutora.
"Por causa da antecipação
da estreia, no dia seguinte ao
capítulo ser exibido nos EUA
tem chegado o roteiro para
começarmos a legendagem.
Nem sonharíamos com isso
antigamente", afirma Sabrina Martinez.
(LVR)
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