MÁRVIO DOS ANJOS
DA REDAÇÃO

Há 20 anos, o universo pop aprendeu a orbitar em volta da estrela Madonna. Os homens a desejam; as mulheres admiram sua personalidade e invejam seus dotes; os gays a consideram poderosíssima. É difícil -mesmo- deixá-la passar despercebida.
Tema deste documentário "Por Trás da Fama", Madonna é uma artista que deixou bem claras suas intenções desde a primeira apresentação na TV americana, em 1984, no programa "American Bandstand": dominar o mundo.
Impossível negar que de certa forma ela conseguiu. Enquanto ídolos surgem e desaparecem, a cantora americana permanece no topo, com credibilidade e alta qualidade artística intactas. Rivais como Cyndi Lauper ficaram pelo caminho. Novatas como Britney Spears e Christina Aguilera beijam seus pés (e, mais recentemente, a boca). A "material girl" ainda é quem manda.
"Por Trás da Fama" mostra que muito do poder e da influência de Madonna na música e no comportamento se deve à maneira como usou sua imagem na TV, nos clipes e, depois, nos filmes.
Aproveitou-se muito bem das polêmicas que envolveram clipes como "Justify My Love" - que, censurado pela MTV dos EUA, tornou-se o primeiro single em vídeo da história pop- e "Erotica", veiculado apenas depois da meia-noite na emissora.
Graças à ousadia de suas performances ao vivo, Madonna provou que tudo era real e espontâneo. Encarou tabus e sacudiu a sociedade americana a ponto de se tornar um dos maiores ícones do que seria um feminismo moderno: a idéia hoje (menos) rebatida de que as mulheres podem querer sexo como os homens.
Ainda que hoje, aos 45 anos, prefira uma postura mais concessiva ao conservadorismo americano -o que a fez autocensurar o clipe de "American Life", que fazia menções críticas à Guerra do Iraque-, seu trono permanece lá. Sem herdeiras à altura.