São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Livro e colóquio discutem herança do teatro russo

Béatrice Picon-Vallin lança coletânea em encontro

JULIANA LUGÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em sua introdução à coletânea "A Cena em Ensaios"(ed. Perspectiva, 176 págs., R$ 42), Béatrice Picon-Vallin conta como, durante um estágio na Rússia, nos anos 1960, descobriu que o teatro podia ser "tão necessário quanto pão".
Foi o teatro russo, mais especificamente o encenador Vsevolod Meyerhold (1874-1940), que a intrigou para o resto da vida. E também é ele que faz a pesquisadora francesa, teatróloga e ensaísta apresentar hoje a conferência de abertura do Colóquio Internacional de Teatro Russo (informações em www.fflch.usp.br/sce).
O colóquio receberá ainda Vassíli Tolmatchióv, da Universidade de Moscou, e Vadim Shcherbakov, do Instituto Estatal de Pesquisa de Arte de Moscou, além de especialistas brasileiros como Jacó Guinsburg e Boris Schnaiderman.
Segundo Arlete Cavaliere, a organizadora, o encontro discutirá a literatura dramática e a encenação russas e os impactos que elas têm na cena mundial contemporânea.

Nova coletânea
É também no colóquio que será lançada a segunda coletânea de ensaios de Picon-Vallin no Brasil. A primeira é de 2006, uma edição quase independente da editora Pequeno Gesto ("A Arte do Teatro - Entre Tradição e Vanguarda", 144 págs., R$ 30). Com a mesma organizadora, Fátima Saadi, Picon-Vallin volta a publicar seus artigos em português.
Em "A Cena em Ensaios", Picon-Vallin parte de diversas formas de arte para mostrar como elas se inserem no teatro, dando a entender que acredita no conceito de obra de arte total, do início do século 20: "Acredito no teatro como um lugar de reunião, tanto das pessoas, que estão cada vez mais isoladas na frente de seus computadores, quanto das artes", disse a pesquisadora à Folha, por telefone.
"Mesmo no teatro pobre de Grotowski, você pode ver uma reunião de todas as artes no jogo dos atores. O trabalho do ator é algo de muito completo."
Começando por um capítulo-ensaio que fala da necessidade de os atores dominarem técnicas circenses e de o teatro ter uma essência tão popular e alegre como as quermesses, passando pela música erudita e terminando pela interinfluência do cinema em surgimento e do teatro, Picon-Vallin mostra como questões já inauguradas por Meyerhold estão até hoje presentes nas questões da cena, em trabalhos de encenadores contemporâneos.
"Mesmo fora de regimes totalitários, há trabalhos como o do grupo Théâtre du Soleil, que são tão necessários quanto o pão, porque nos dão uma outra energia para a vida."


Texto Anterior: Galpão Cine Horto é berço de novos grupos
Próximo Texto: Picon-Vallin fala de novas tecnologias
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.