São Paulo, terça, 17 de novembro de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice WYNTON MARSALIS NO BRASIL Embaixador do jazz sopra arte dos EUA em SP
CARLOS CALADO especial para a Folha O trompetista norte-americano Wynton Marsalis, 37, já se apresentou várias vezes no Brasil. Mesmo assim, os concertos que ele comanda, de hoje a quinta-feira, no teatro Alfa Real, têm algo de inédito: trata-se das primeiras exibições da Lincoln Center Jazz Orchestra neste continente. A "big band" patrocinada pela entidade nova-iorquina Jazz at the Lincoln Center -promotora de uma constante e variada programação de eventos e projetos educativos na área do jazz- tornou-se, ao longo desta década, fundamental na trajetória de Marsalis, seu diretor artístico. Para um músico que já se transformou num misto de embaixador e paladino do jazz, esse é um veículo bastante apropriado. Só na turnê deste ano, a orquestra do Lincoln Center passará por 100 cidades de cinco continentes, num total de 125 concertos. À frente dessa orquestra de repertório, que se dedica a preservar a tradição musical das "big bands", incluindo até comissões para incentivar a criação de novas composições, Marsalis busca propagar o jazz por todo o mundo, com uma ênfase especial em projetos na área de educação. Um exemplo marcante está na recente passagem da Lincoln Center Jazz Orchestra pelo Japão. Durante uma semana, na cidade de Yokohama, a "big band" promoveu mais de 50 concertos e programas educativos para músicos e estudantes do país. A orquestra não costuma antecipar os programas de seus concertos. De seu enorme repertório fazem parte arranjos e composições hoje clássicas de mestres do gênero, como Duke Ellington, Thelonious Monk, Count Basie, Dizzy Gillespie, Charles Mingus e Louis Armstrong, além de obras recentes de Wynton Marsalis, Freddie Hubbard, Joe Henderson e Benny Carter, entre outros. Graças à sua atitude purista e, até certo ponto, messiânica, Marsalis já provocou várias polêmicas e desafetos. Porém, algo é inegável: foi uma figura essencial para que a mídia e as grandes gravadoras voltassem a se interessar pelo jazz na década passada. Leia a seguir a entrevista exclusiva que Marsalis concedeu à Folha, por fax, pouco antes de embarcar para o Brasil.
Folha - É difícil manter em atividade uma "big band" como essa? |
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