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Músico é taxado de conservador
CASSIANO ELEK MACHADO
da Reportagem Local
Em 22 de setembro deste ano, o
jornal "The New York Times" cravou na capa de seu suplemento
cultural: "O Jazz at Lincoln Center
é um dos projetos culturais mais
bem-sucedidos da história de Nova York".
Ao lado da frase, uma foto ocupando a maior parte da página
mostrava Wynton Marsalis com
seu trompete, ambos (ele e o instrumento) olhando para baixo.
Por que olhava para o chão o líder de "um dos projeto culturais
mais bem-sucedidos..."? Talvez
porque Marsalis levaria na reportagem, juntamente com elogios de
grosso calibre ("o músico de jazz
mais celebrado de seu tempo"),
mais uma saraivada de críticas.
E qual era o pilar em torno do
qual se amontoavam os críticos de
Marsalis?
"Ele é conservador", expressavam de diversos modos artistas como o saxofonista Sonny Fortune
(que tocou com Miles Davis) e o
compositor e pianista George Russell (ex-Dizzy Gillespie).
Curioso ou não, é justamente esse o argumento que faz de Marsalis
"o músico de jazz mais celebrado
de seu tempo", como diz o jornal.
Poucos podem dizer nos anos 90
que conservaram tanto a história
do jazz como o trompetista e diretor do Jazz at Lincoln Center.
Nascido em Nova Orleans, o berço do jazz, Marsalis mostra, com o
swing da Lincoln Center Jazz Orchestra (que se apresenta hoje em
São Paulo), que o berço ainda balança. Mas esse balangar que propõe a música apresentada no Lincoln Center de fato não é muito
distinto em sua essência do que o
que o conterrâneo de Marsalis
Louis Armstrong distribuía em salões nos anos 40.
Qual o problema disso? "Nenhum", diz a maioria, que aproveita a sofisticação inquestionável do
sopro de Marsalis.
Qual o problema? "Gravíssimo",
respondem alguns "jazzólogos".
"Ele fez muito para achar a essência do jazz e para distorcê-la.
Colocou uma surdina no principal
ingrediente do jazz, que é a inovação", diz o compositor e pianista
George Russell.
Marsalis pode tocar apontando
para o chão, mas não desvia o balanço de sua música de acordo
com resmungos alheios. O Jazz at
Lincoln Center continua ascendente. Em breve, o programa dá
início à construção do primeiro
auditório de mais de mil lugares
com acústica desenhada especialmente para o jazz, no Columbus
Circle, a poucos metros do Central
Park, em Nova York.
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