São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

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Música

The Killers cai na dança em seu terceiro disco

Grupo famoso por rock vigoroso trabalha com produtor de Madonna em "Day & Age'

"Nossa banda topa tudo", diz guitarrista, que fala sobre possível volta ao Brasil; faixa "I Can't Stay" traz percussão caribenha e solo de saxofone


JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRES

Nesse finzinho de 2008, não há disco mais comentado do que "Day & Age", o terceiro do The Killers.
Muita gente odiou as mudanças no som da banda, mas muita gente também adorou o single "Human", a faixa mais dançante já produzida pelo quarteto de Las Vegas.
Já dava para imaginar que a reação seria extrema quando a gravadora do grupo reuniu a imprensa para uma audição parcial do CD no hotel londrino St. Martins Lane, em setembro, semanas antes do lançamento.
Os jornalistas reunidos pareciam não acreditar que músicas como "I Can't Stay", com percussão caribenha e solo de saxofone, vinham da mesma banda que despontara em 2004 com rocks vigorosos.
No quarto em que estava hospedado, com suas roupas espalhadas pelo chão e a cama desarrumada, o guitarrista Dave Keuning falou com entusiasmo sobre o álbum. ""Day & Age" é bem diferente do [antecessor] "Sam's Town".
Primeiro porque melhoramos muito como compositores nos últimos dois anos. E o disco tem uns rocks típicos do Killers, mas também tem faixas numa onda dance, além de músicas com acento tropical. Fizemos coisas que nunca tínhamos feito antes. Não dá para julgar esse álbum por apenas uma canção."
A pessoa apontada como "culpada" pela sonoridade distinta de "Day & Age" é o produtor Stuart Price.
Ao lado de Madonna, ele concebeu "Confessions on a Dance Floor" (05), um dos discos mais celebrados da cantora. Também conhecido pela alcunha Jacques Lu Cont, Price está por trás de projetos como o Zoot Woman e o Les Rythmes Digitales, todos mais voltados à praia eletrônica.

Volta ao Brasil
Os rapazes do Killers começaram a trabalhar com Price na compilação "Sawdust" e curtiram o resultado.
"Ele é muito esperto e gosta dos mesmos artistas que a gente", afirma Keuning. "Nossa banda basicamente topa tudo.
E quisemos dar uma chance para ele trabalhar com algo diferente, fora da cena dance. Foi uma boa colaboração para as duas partes."
"Day & Age" deve ajudar o quarteto a conquistar novos fãs, como almeja o guitarrista.
Mas há outros motivos que fazem o Killers seguir gravando canções e buscando novas sonoridades. "Queremos provar que as pessoas estão erradas", diz Keuning. "Ainda há muita gente que não gosta da nossa banda: o pessoal da nossa terra, jornalistas de algumas revistas sediadas em Nova York... Queremos mostrar que nossa música merece ser ouvida."
No Reino Unido, a tarefa tem sido mais fácil. A fama da banda é bem maior lá do que em outros lugares, o que para o guitarrista talvez tenha a ver com o modo como o britânico lida com música.
"As pessoas aqui levam música como um hobby, não como uma coisa que rola de fundo, igual acontece na América. Fora que estão mais interessadas em novidades musicais."
Keuning adora quando o Killers é descrito como "a melhor banda britânica a ter surgido nos Estados Unidos". "Fomos influenciados por muitos artistas britânicos. Mas, como somos americanos, temos um jeito diferente de fazer música britânica", observa.
Segundo o músico, o Killers deve voltar ao Brasil em 2009 ou 2010 para novos shows -mais cedo do que o de São Paulo em 2007, que começou às 4 horas da manhã por causa de atrasos na programação do Tim Festival daquele ano.


O jornalista JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR viajou a convite da Universal.


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