São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

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Ilustrada 50 anos

"Cinema já viveu apogeu, mas há expansão de meios"

Em debate, críticos avaliam que produção dos anos 60 ainda é difícil de igualar

Novas formas de veiculação, como o YouTube, e aproximação com as artes plásticas expandem limites, dizem participantes


DA REPORTAGEM LOCAL

O melhor cinema já passou? Para os críticos da Folha Cássio Starling Carlos, Inácio Araujo, José Geraldo Couto e Sérgio Rizzo, a arte cinematográfica viveu um período de apogeu entre o final dos anos 50 e o início dos anos 70, que dificilmente será igualado.
No entanto, novas formas de produção e difusão audiovisual dão ao cinema uma nova configuração. E novos cineastas, como o chinês Jia Zhang-ke, a argentina Lucrecia Martel e o francês Olivier Assayas, atestam a vitalidade de tal arte.
O diagnóstico foi feito durante debate promovido pela Folha e pelo Espaço Unibanco em comemoração dos 50 anos da Ilustrada, após projeção de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha, anteontem à noite. O longa de Glauber foi o mais votado da década de 60 em enquete promovida pela Folha Online. Os outros títulos preferidos dos internautas foram: "O Poderoso Chefão" (anos 70), "Blade Runner" (anos 80), "Pulp Fiction" (anos 90) e "O Senhor dos Anéis" (de 2000 a 2008).
Araujo afirmou que, entre o final dos anos 50 e o começo dos 70, havia três gerações de momentos-chave do cinema em atividade. Dos originários do cinema mudo, vinham Alfred Hitchcock, Howard Hawks e Carl Dreyer, entre outros. Do pós-guerra, filmavam nomes como Rossellini, os outros neo-realistas italianos e, dos EUA, Samuel Fuller e Anthony Mann, por exemplo. E a geração que emergia era a da nouvelle vague e do cinema novo, além dos japoneses liderados por Nagisa Oshima.
"Esse é um momento muito precioso do cinema. Era uma arte nova e moderna, mas clássica também. O cinema viveu uma espécie de apogeu, difícil de igualar. Mas com a modernidade de Godard e Glauber, a invenção tornou-se mais complicada", disse ele. "A arte envelhece. Não há profusão de grandes talentos. Mas o cinema tem uma vitalidade muito grande."
Para Starling Carlos, o apogeu dessa fase é incontestável, mas deve ser evitado o saudosismo. "O futuro está espalhado em centenas de possibilidades. Existem tantas outras formas variantes e substitutas de narrativas audiovisuais. Godard e Varda, por exemplo, foram levar as criações deles para o museu", disse ele. "Mas o amador do YouTube tem uma outra forma de veicular sua idéia. Ela é menos valiosa? Não, ela é outra. Prefiro pensar positivamente. Não vejo limitação, vejo expansão." (MG)


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