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Ilustrada 50 anos
"Cinema já viveu apogeu, mas há expansão de meios"
Em debate, críticos avaliam que produção dos anos 60 ainda é difícil de igualar
Novas formas de veiculação, como o YouTube, e aproximação com as artes plásticas expandem limites, dizem participantes
DA REPORTAGEM LOCAL
O melhor cinema já passou?
Para os críticos da Folha Cássio Starling Carlos, Inácio
Araujo, José Geraldo Couto e
Sérgio Rizzo, a arte cinematográfica viveu um período de
apogeu entre o final dos anos
50 e o início dos anos 70, que
dificilmente será igualado.
No entanto, novas formas de
produção e difusão audiovisual
dão ao cinema uma nova configuração. E novos cineastas, como o chinês Jia Zhang-ke, a argentina Lucrecia Martel e o
francês Olivier Assayas, atestam a vitalidade de tal arte.
O diagnóstico foi feito durante debate promovido pela
Folha e pelo Espaço Unibanco
em comemoração dos 50 anos
da Ilustrada, após projeção de
"Deus e o Diabo na Terra do
Sol", de Glauber Rocha, anteontem à noite. O longa de
Glauber foi o mais votado da
década de 60 em enquete promovida pela Folha Online. Os
outros títulos preferidos dos
internautas foram: "O Poderoso Chefão" (anos 70), "Blade
Runner" (anos 80), "Pulp Fiction" (anos 90) e "O Senhor dos
Anéis" (de 2000 a 2008).
Araujo afirmou que, entre o
final dos anos 50 e o começo
dos 70, havia três gerações de
momentos-chave do cinema
em atividade. Dos originários
do cinema mudo, vinham Alfred Hitchcock, Howard
Hawks e Carl Dreyer, entre outros. Do pós-guerra, filmavam
nomes como Rossellini, os outros neo-realistas italianos e,
dos EUA, Samuel Fuller e Anthony Mann, por exemplo. E a
geração que emergia era a da
nouvelle vague e do cinema novo, além dos japoneses liderados por Nagisa Oshima.
"Esse é um momento muito
precioso do cinema. Era uma
arte nova e moderna, mas clássica também. O cinema viveu
uma espécie de apogeu, difícil
de igualar. Mas com a modernidade de Godard e Glauber, a invenção tornou-se mais complicada", disse ele. "A arte envelhece. Não há profusão de grandes talentos. Mas o cinema tem
uma vitalidade muito grande."
Para Starling Carlos, o apogeu dessa fase é incontestável,
mas deve ser evitado o saudosismo. "O futuro está espalhado em centenas de possibilidades. Existem tantas outras formas variantes e substitutas de
narrativas audiovisuais. Godard e Varda, por exemplo, foram levar as criações deles para
o museu", disse ele. "Mas o
amador do YouTube tem uma
outra forma de veicular sua
idéia. Ela é menos valiosa?
Não, ela é outra. Prefiro pensar
positivamente. Não vejo limitação, vejo expansão."
(MG)
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