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Cineastas podem saldar dívidas com governo
União define incentivos para quitação de empréstimos realizados nos anos 90
Débitos impediram produtores de concorrer neste ano ao Fundo Setorial do Audiovisual; pendências
atingiram 85 contratos
AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de quase 15 anos, o
governo definiu os critérios para que cineastas como Sérgio
Bianchi, Zita Carvalhosa e Sara
Silveira, entre outros, deixem
de ser considerados inadimplentes por irregularidades em
empréstimos dos anos 90 que
somam R$ 11,38 milhões.
Com o nome de Prêmio Resgate do Cinema Brasileiro, o financiamento tentou alavancar
a produção nacional após a extinção da Embrafilme -e deixou em aberto 85 contratos irregulares até este ano, por falta
de prestação de contas ou retorno de lucros de bilheteria.
Os cineastas reclamavam
não ter informações sobre como liquidar a dívida e contrataram advogado para o grupo a
fim de não perder a chance de
concorrer aos editais do Fundo
Setorial do Audiovisual (FSA).
A Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), que administra o fundo com a Ancine
(Agência Nacional do Cinema),
não deu resposta a tempo, e os
produtores ficaram de fora da
concorrência pelos R$ 37 milhões do FSA neste ano.
Só agora o governo convocou
os cineastas para resolver o
problema. "Os casos são muito
particulares. Para dívidas
maiores, há critérios de amortização. Há situações, por exemplo, em que faltou apenas o produtor comprovar que seu filme
não teve lucro e, portanto, não
precisa repassar", diz Luis Fernandes, presidente da Finep.
Segundo o diretor Sérgio
Bianchi, era este o seu caso: seu
filme "A Causa Secreta" (1994),
que recebeu verba do Prêmio
Resgate do Cinema Brasileiro,
não teve lucro de bilheteria e,
por isso, não havia o que devolver ao governo federal.
"O Cego que Gritava Luz"
(1997) rendeu a mesma dor de
cabeça à produtora Assunção
Hernandes, que, embora não tivesse lucros a repassar, caiu na
lista da inadimplência. Foi inabilitada do FSA e saiu de uma
coprodução com a Argentina
por falta de recursos.
Ela reapresentou documentos para comprovar sua regularidade e inscreverá "O Grande
Kilapy" na nova série do fundo.
Os editais, disponíveis a partir de hoje, preveem R$ 81,5 milhões para produção, distribuição e comercialização de longas, além de produção de obras
para televisão. Há um mecanismo novo: um "indutor regional" nas linhas de produção de
longas e obras para TV. Na defesa oral dos projetos, a Ancine
convocará propostas de Estados não contemplados na avaliação anterior.
O anúncio desta nova etapa,
no entanto, não significa que a
primeira rodada de editais, iniciada em 2009, esteja concluída: os 38 vencedores deste ano
foram anunciados em junho,
mas, até agora, apenas 14 assinaram os contratos para receber os recursos.
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