São Paulo, domingo, 18 de janeiro de 2004

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Repórter sem fronteiras

Europa comemora 75 anos de Tintin, herói da HQ belga criado em 10 de janeiro de 1929

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

No seleto universo dos quadrinhos e mesmo fora dele, não há cidadão belga mais conhecido que Tintin. Ao completar 75 anos, o personagem de Hergé (1907-83) tem uma comemoração digna de seu impacto: nos quatro cantos do planeta.
"Tintin é uma pessoa muito importante, não apenas na Bélgica, mas ao redor do mundo", declarava às agências internacionais ninguém menos que o ministro das Finanças do país, Didier Reynders, ao mesmo tempo em que colocava oficialmente em circulação uma moeda comemorativa de 10 com o rosto de Tintin e seu inseparável cãozinho Milou.
Ainda inacabada quando da morte do quadrinista, a história "Tintin et l'Alph-Art", lançada pela primeira vez em 1986, será reeditada pela belga Casterman. A obra é oficialmente a 24ª da série de livros, que, juntos, já venderam mais de 200 milhões de cópias, traduzidas em 55 idiomas.
Jornalista por profissão, o personagem ganhou também páginas e páginas de destaque nos jornais do país e de seu vizinho, a França, que vez e outra é confundida com a sua terra natal por causa da também bem-sucedida série de desenhos animados que ajudaram a fazer a fama de Tintin.
E a volta ao mundo -em todos os sentidos- está só começando. Na última sexta-feira, estreou na Dinamarca o documentário "Tintin e Eu", de Anders Oestergaard, valiosa adaptação de uma entrevista concedida pelo autor a um estudante em 1971. Hergé teria se arrependido do que disse e mandou que algumas declarações fossem suprimidas antes que o texto fosse publicado.
A pedra no sapato referia-se à parte em que o autor falava sobre as acusações que recebeu de ter colaborado com os nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial. "Não creio que ele tenha sido partidário do nazismo, pois isso entraria em conflito com seu humor, sua tolerância, sua mente aberta e sua delicadeza. Francamente, me parece impossível", disse Oestergaard.
As homenagens a Tintin se estendem ainda a Holanda, Espanha e Inglaterra, que promoverão exposições inspiradas na trajetória do personagem.

Blockbuster
Entre tantos projetos, que incluem ainda a construção do Museu Hergé em uma cidadezinha a 30 km de Bruxelas para 2007, o mais esperado é certamente a adaptação cinematográfica que Steven Spielberg pretende fazer para o personagem. "Ele fez a proposta e espero que dê certo", declarou ao "Le Monde" a viúva do quadrinista, Fanny Rodwell.
Segundo ela, as negociações com Hollywood já estão bem avançadas, sob supervisão de seu atual marido e co-administrador do legado de Hergé, Nick Rodwell. Spielberg também confirma.
Por fim, outro Tintin, de carne e osso, poderá ser visto pelos europeus a partir do próximo mês. Dirigida por uma companhia suíça, a peça "Le Bijoux de la Castafiore" (As Jóias da Catástrofe, 1962), baseada em uma das melhores histórias do personagem, estréia em solo belga em 13 de fevereiro.
No Brasil, os episódios do desenho animado de Tintin são exibidos de segunda a sexta, às 9h30 e às 18h30, e aos sábados, às 18h30, pela TV Cultura.
Os direitos dos quadrinhos do personagem no país são detidos pela editora Record, que já publicou o citado "As Jóias da Catástrofe", mas que atualmente só conta com "Tintin no País do Ouro Negro" em seu catálogo.
Para os que lêem francês ou inglês, os álbuns da coleção podem ser encomendados nos sites das livrarias Cultura (www.livrariacultura.com.br) e Fnac (www.fnac.com.br).


Com agências internacionais


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