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Repórter sem fronteiras
Europa comemora 75 anos de Tintin, herói da HQ belga criado em 10 de janeiro de 1929
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
No seleto universo dos quadrinhos e mesmo fora dele, não há
cidadão belga mais conhecido
que Tintin. Ao completar 75 anos,
o personagem de Hergé (1907-83)
tem uma comemoração digna de
seu impacto: nos quatro cantos
do planeta.
"Tintin é uma pessoa muito importante, não apenas na Bélgica,
mas ao redor do mundo", declarava às agências internacionais
ninguém menos que o ministro
das Finanças do país, Didier
Reynders, ao mesmo tempo em
que colocava oficialmente em circulação uma moeda comemorativa de 10 com o rosto de Tintin e
seu inseparável cãozinho Milou.
Ainda inacabada quando da
morte do quadrinista, a história
"Tintin et l'Alph-Art", lançada
pela primeira vez em 1986, será
reeditada pela belga Casterman. A
obra é oficialmente a 24ª da série
de livros, que, juntos, já venderam
mais de 200 milhões de cópias,
traduzidas em 55 idiomas.
Jornalista por profissão, o personagem ganhou também páginas e páginas de destaque nos jornais do país e de seu vizinho, a
França, que vez e outra é confundida com a sua terra natal por
causa da também bem-sucedida
série de desenhos animados que
ajudaram a fazer a fama de Tintin.
E a volta ao mundo -em todos
os sentidos- está só começando.
Na última sexta-feira, estreou na
Dinamarca o documentário "Tintin e Eu", de Anders Oestergaard,
valiosa adaptação de uma entrevista concedida pelo autor a um
estudante em 1971. Hergé teria se
arrependido do que disse e mandou que algumas declarações fossem suprimidas antes que o texto
fosse publicado.
A pedra no sapato referia-se à
parte em que o autor falava sobre
as acusações que recebeu de ter
colaborado com os nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial.
"Não creio que ele tenha sido partidário do nazismo, pois isso entraria em conflito com seu humor, sua tolerância, sua mente
aberta e sua delicadeza. Francamente, me parece impossível",
disse Oestergaard.
As homenagens a Tintin se estendem ainda a Holanda, Espanha e Inglaterra, que promoverão
exposições inspiradas na trajetória do personagem.
Blockbuster
Entre tantos projetos, que incluem ainda a construção do Museu Hergé em uma cidadezinha a
30 km de Bruxelas para 2007, o
mais esperado é certamente a
adaptação cinematográfica que
Steven Spielberg pretende fazer
para o personagem. "Ele fez a proposta e espero que dê certo", declarou ao "Le Monde" a viúva do
quadrinista, Fanny Rodwell.
Segundo ela, as negociações
com Hollywood já estão bem
avançadas, sob supervisão de seu
atual marido e co-administrador
do legado de Hergé, Nick Rodwell. Spielberg também confirma.
Por fim, outro Tintin, de carne e
osso, poderá ser visto pelos europeus a partir do próximo mês. Dirigida por uma companhia suíça,
a peça "Le Bijoux de la Castafiore"
(As Jóias da Catástrofe, 1962), baseada em uma das melhores histórias do personagem, estréia em
solo belga em 13 de fevereiro.
No Brasil, os episódios do desenho animado de Tintin são exibidos de segunda a sexta, às 9h30 e
às 18h30, e aos sábados, às 18h30,
pela TV Cultura.
Os direitos dos quadrinhos do
personagem no país são detidos
pela editora Record, que já publicou o citado "As Jóias da Catástrofe", mas que atualmente só
conta com "Tintin no País do Ouro Negro" em seu catálogo.
Para os que lêem francês ou inglês, os álbuns da coleção podem
ser encomendados nos sites das
livrarias Cultura (www.livrariacultura.com.br) e Fnac (www.fnac.com.br).
Com agências internacionais
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