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ANÁLISE
Globo de Ouro chuta a porta e sai do armário
SÉRGIO DÁVILA
DA REPORTAGEM LOCAL
A madrugada de ontem entrará para a história como o
dia em que o Globo de Ouro saiu
do armário. A 63ª edição do prêmio, um termômetro mais liberal
do Oscar, foi assumidamente gay.
Se não, vejamos: dos cinco prêmios principais, todos foram para
filmes com temática homossexual. "O Segredo de Brokeback
Mountain", a história de dois caubóis americanos que se apaixonam, levou filme/drama, diretor
(Ang Lee) e roteiro (Larry
McMurtry e Diana Ossana).
Já "Capote", que reconstitui a
vida do jornalista abertamente
homossexual Truman Capote durante o período em que escreveu a
reportagem de sua vida, "A Sangue Frio", rendeu o merecido prêmio de melhor ator/drama a Philip Seymour Hoffman.
E "Transamerica", sobre um
transsexual masculino em vias de
fazer operação de mudança de sexo, deu o também merecido prêmio de melhor atriz/drama a Felicity Huffman, mais conhecida pela série "Desperate Housewives".
Até a premiação televisiva teve
um toque GLS: o elenco principal
de "Will & Grace", série que tem
sua última temporada exibida
neste ano, subiu ao palco para dar
o principal prêmio da área, melhor série/drama, para "Lost".
Mesmo assim, se a apresentação
foi liberal no conteúdo, continua
conservadora na forma. Exibido
pela TV aberta NBC, o prêmio
não mostrou nem uma cena mais
polêmica do grande vencedor da
noite: para os telespectadores
(cerca de meio bilhão em mais de
170 países, segundo os organizadores), o segredo de "Brokeback
Mountain" continua um segredo.
O resto foi o resto. Dos três prêmios a que concorria "O Jardineiro Fiel", dirigido pelo brasileiro
Fernando Meirelles, saiu apenas o
de melhor atriz coadjuvante, para
Rachel Weisz, como era esperado.
O que não quer dizer que o filme
não seja lembrado nas indicações
ao Oscar, que saem no dia 31. Ao
contrário: com a exposição do
Globo, os prêmios de menor importância já ganhos e a presença
freqüente em diversas listas dos
dez melhores de 2005, o brasileiro
pode ampliar as indicações, incluindo roteiro adaptado e ator.
Mas "Brokeback" pode se prejudicar por motivos diferentes.
Quem vota no Globo de Ouro é
jornalista estrangeiro que vive em
Los Angeles e só cobre cinema (84
pessoas). Os eleitores do Oscar
passam de 6.000, são mais diversificados, mas tendem a ser mais
conservadores.
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