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"Ausência de Gil cria disputa interna", diz Pinho
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
Leia abaixo principais trechos
da entrevista de Roberto Pinho.
Folha - Como o senhor recebeu a
notícia da sua demissão?
Roberto Pinho - É tão absolutamente absurdo esse comportamento de Gil... Um cara que é
meu amigo, meu bicompadre [Pinho é padrinho de Preta, filha de
Gil, e o ministro é padrinho de
Aza, filha de Pinho].
Folha - Juca Ferreira afirmou que
o sr. foi "maquiavélico" ao coletar
a assinatura de Gil para um projeto
em questionamento.
Pinho - Tem uma grande disputa
de poder interno aí. Esse grupo
[de Juca Ferreira] está disputando
o poder total em torno do Gil e infelizmente conseguiram cercear o
ministro. Eles queriam tudo, menos essas BACs, porque elas estavam na minha secretaria.
Folha - Por que a urgência?
Pinho - A Petrobras [que financiaria as BACs] deu prazo até o dia
19/12 para repassar o dinheiro. Tínhamos então que providenciar o
termo de parceria do MinC com o
Ibrac [Instituto Brasil Cultural].
Folha - E por que criar o Ibrac para
executar as obras? Há uma acusação de que só amigos do senhor faziam parte da organização.
Pinho - A Petrobras não poderia
doar a verba diretamente para o
ministério. Era necessário criar
uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), no caso, o Ibrac, para uma
parceria. E para o Ibrac eu tinha
que trazer quem? Inimigo, gente
desconhecida? O próprio Gil participou. O nome de cada convidado foi submetido a ele.
Folha - Antonio Risério [assessor
de Gil que se demitiu em solidariedade a Pinho] diz que Gil só viaja e
quem manda no MinC é Ferreira.
Pinho - Isso é verdade. As viagens são importantes para o governo, mas para o ministério o reflexo é zero. Aumentou o Orçamento? Não. A Loteria da Cultura
saiu? Não. A ausência do Gil favoreceu a disputa de poder interna e
paralisou o ministério.
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