São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

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NAS LOJAS

RACIOCÍNIO QUEBRADO     
Parteum
Trama, R$ 30, em média
Entre o discurso monotemático do gangsta e a pregação evangélica do rap do bem, um novo movimento vem tomando força no hip hop brazuca. Chamado de indie ou underground, reúne nomes como Quinto Andar, Inumanos e Mzuri Sana, do qual desponta agora, em projeto solo, o rimador e expert nas batidas eletrônicas Parteum. Mais do que o título do disco, "Raciocínio Quebrado" é a resposta à homogeneização (homófoba) que isolou o gênero a uma fórmula comercial bem-sucedida. Assim, o rap de Parteum se esquiva de rótulos, se permite rimar injustiças sociais com ficção científica, scratches de pick-ups com orquestrações à Phillip Glass. Se o primeiro já chegou quebrando tudo, resta ver como ele vai colar as peças no segundo. Pois o hip hop é só isso: reinvenção.
POR QUE OUVIR: Pelas bases criativas, o discurso inteligente e a participação de mais gente do novo hip hop, como Kamau e DJ Suissac. (DIEGO ASSIS)

NY MUSCLE    
Hell
Smartbiz Trax/Lado Z, R$ 30, em média
Há quase duas décadas imerso na cena eletrônica, seja como produtor, DJ ou dono de selo (International Deejay Gigolo), o alemão Hell (Helmut Geier) encontrou em Nova York um lugar para extravasar fantasias de glamour/ decadência/estética sadomasô. Este "NY Muscle" é resultado de sua estadia na cidade, um diário de viagem pelo seu lado sombrio. Hell deixa de lado concessões pop do electro e vai do tecno minimalista ao rock -os ecos da no wave vêm com Alan Vega (Suicide), em "Listen to the Hiss" e "Meet the Heat". Outras parcerias, como Erlend Oye, do Kings of Convenience ("Keep on Waiting", também em videoclipe) e James Murphy, do selo DFA ("Tragic Picture Show") garantem a ironia da eletrônica: o futuro vem do passado, aqui em forma de pesadelo gótico.
POR QUE OUVIR: Hell é o principal responsável pela difusão do novo electro e seus intercâmbios com o punk. (BRUNO YUTAKA SAITO)

CANÇÕES DE CHICO BUARQUE    
Zé Luiz Mazziotti
Dabliú, R$ 25, em média
O grande mérito do CD é o repertório nada previsível. Zé Luiz Mazziotti interpreta maravilhas de Chico Buarque até hoje pouco conhecidas, como "Embarcação", "Cadê Você" (com a participação de Chico), "Mulher, Vou Dizer Quanto te Amo", "Meninos, Eu Vi" e "Tantas Palavras". Estas gravações são superiores às de clássicos como "As Vitrines", "Ela Desatinou" e "Carolina". Obra-prima da parceria Tom Jobim/Chico, "Eu te Amo" é interpretada em francês, na versão criada pelo próprio letrista.
POR QUE OUVIR: A voz empostada, rasgadamente romântica de Mazziotti soa excessiva em alguns momentos, mas não chega a ameaçar a beleza do trabalho. (LUIZ FERNANDO VIANNA)

LIVE AT RONNIE SCOTT'S    
Art Blakey & The Jazz Messengers
Indie Records, R$ 38, em média Além de ser um dos grandes bateristas do século 20, Art Blakey comandou, com seu Jazz Messengers, o melhor "show de calouros" da história do jazz. Descobriu nomes como Wayne Shorter, Freddie Hubbard, Keith Jarrett e uma lista que encheria todo este espaço. Neste DVD, em show em Londres em 1985, aparece com mais duas "pepitas" garimpadas por ele: Terence Blanchard (trompete) e Donald Harrison (sax alto). O grande Mulgrew Miller (piano) o ótimo e desvalorizado tenor caribenho Jean Toussaint e o baixista Lonnie Plaxico fecham o time. O DVD é péssimo: curto, com recursos gráficos toscos, imagem ruim etc., mas a qualidade da música vale seus tostões.
POR QUE ASSISTIR: O show é aula magna da vertente do jazz chamada hardbop. (CASSIANO ELEK MACHADO)

FAMILY STYLE   
Jet
Warner, R$ 50, em média
Na linha regressiva do rock atual, o quarteto australiano vai aos anos 60 e 70 para achar sua inspiração de música, estilo e atitude. "Family Style" registra, em imagens, a curta história do grupo de ainda apenas um CD, "Get Born" (2003). Estão aqui um show em Londres, além de seis videoclipes e um registro de bastidores da banda em turnês que revelam o quão tediosa é a sua reverência aos cânones do passado (Who, Beatles e cia.). O público, no entanto, não se importa com a performance apenas ok, idêntica à qualquer banda de bar fuleiro, e dá combustível à badalação.
POR QUE ASSISTIR: O Jet conquistou o público inglês, com várias músicas emplacadas nas paradas musicais. (BYS)

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