São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

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CONEXÃO POP

O sintetizador

Bandas como Franz Ferdinand e Yeah Yeah Yeahs trocam guitarras sujas por sons climáticos

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

EM MEADOS do ano passado, espalhou-se a notícia de que o Franz Ferdinand estaria seguindo rumo à África; a banda escocesa, considerada por muitos o melhor grupo roqueiro britânico dos últimos dez anos, trocaria as guitarras pós-punk pelo afrobeat. Pois "Tonight" chegou e vemos que a troca foi outra: o Franz mergulhou fundo nos sintetizadores.
Nesta semana, pousou na internet "Zero" , a nova música do Yeah Yeah Yeahs. "Zero" estará em "It's Blitz!", disco que chega às lojas em abril. Se em seus dois discos o trio YYY fazia uso da guitarra para criar um garage rock com bronzeado pop, "Zero" mostra uma nova direção: a banda da diva rocker Karen O. investe num climático som de sintetizador.

 

Bastante associado com o pop dos anos 1980 (década do synth-pop, do new romantic e, claro, do Erasure), a linha do tempo do sintetizador pode começar, para alguns pesquisadores, na Grécia Antiga. Para esses, o sintetizador é parente dos hydraulos, instrumento criado em 300 a.C. pelo engenheiro grego Ktesibios, a partir de uma câmara de ar colocada em uma banheira de água, cuja pressão era modificada a partir de bombas manuais.
Graham Bell ganhou a fama como inventor do telefone, mas para alguns a honra deveria ser dividida com o engenheiro americano Elisha Gray. À parte a polêmica, Gray criou -acidentalmente- em "187 e poucos" (a historiografia diverge quanto a data) o telégrafo harmônico, aparelho que emitia sons a partir de circuitos eletromagnéticos.
Então veio Robert Moog, uma das mentes mais brilhantes da música popular do século 20, que criou o primeiro sintetizador modular, em 1964, ainda monofônico (tocava uma nota por vez). Hoje, com softwares como o Ableton Live, os sintetizadores são manuseáveis com um ou dois cliques.
 

Se as guitarras sujas, rápidas, desenhavam uma sonoridade seca que deu o tom do rock nesses anos 2000, duas das principais bandas desse novo rock adotaram o sintetizador quase como um GPS para encontrar suas notas melódicas.
Espertos, os escoceses do Franz Ferdinand perceberam que não conseguiriam avançar no som dançante usando apenas guitarras; assim, faixas como a viajante "Lucid Dreams" ou a fantástica "Can't Stop Feeling" trazem fortes sintetizadores, num belo clima oitentista.
Enquanto isso, em "Zero" o som do YYY continua abrasivo e pouco convencional, mas o trio parece partir do ponto onde o Ultravox acabou: com sintetizador atmosférico duelando com uma guitarra frenética.
 

É complicado falar de shows que não estão com contratos assinados e tal, mas a informação é quente: o Yeah Yeah Yeahs vai se apresentar no Brasil no segundo semestre.
Quem afirma é a Universal dos EUA, que lança os discos da banda.

thiago.ney@grupofolha.com.br


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