|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMIDA
Crítica
Com foco na cozinha alemã, Caverna Bugre reabre após completar 60 anos
JOSIMAR MELO
CRÍTICA DA FOLHA
Nete ano o Caverna Bugre completa seis décadas, numa cidade
com tanto lugar que não resiste
seis meses. Para se engalanar
para a festa, a casa ficou meses
fechada, em reforma, para reabrir agora com cheiro de nova,
mas sem perder um tom antigo
no seu velho ambiente.
Instalado em Pinheiros e
com preços razoáveis, o restaurante foi destino de vários jantares dos meus tempos de USP,
quando havia um dinheirinho a
mais (se era de menos, o destino era o Degas, ali perto). Há
tempos sem revisitar o lugar,
aproveitei a efeméride para cotejar as lembranças do passado
com as exigências do presente.
Um exercício cruel, que costuma trazer decepções.
O menu segue o mesmo. É
uma tradição antiga. Seu fundador foi o austríaco Alexandre
Garpercic, que legou o restaurante à filha Melita, quando
morreu, em 1973. Esta, em
1982, o vendeu para Claudio
Politchuk, funcionário desde os
anos 50 e cujos filhos trabalhavam no restaurante. Com sua
morte, em 1990, foram eles que
assumiram o negócio, atualmente tocado por Luis, 53, e
Eduardo Politchuk, 43.
Desde a inauguração, a cozinha alemã é a especialidade do
restaurante, embora hoje diluída entre pratos italianos e de
outras origens. O cardápio oferece eisben (joelho de porco) e
kassler (costeleta de porco)
com chucrute, linguiça de vitela, salsicha e batata cozida. Mas
seu prato emblemático é o filé
alpino, um sincretismo gastronômico composto por filé mignon e uma cobertura de copa,
catupiry e provolone, gratinados, servido com arroz e um liquefeito molho inglês. Um mistura pesada (talvez não para o
adolescente faminto...) em que
nada funciona (a não ser a bela
crosta dourada do gratinado)
mas que ganhou recentemente
um prêmio por votação direta
do público.
Eu não votaria. Tampouco no
kassler ressecado. Mas resisto
ao impulso de dar uma bola
preta a este cenário da minha
juventude. Isso porque ainda
estão no cardápio o filé à parmigiana, a pescada com molho
de camarão e purê de batatas,
os strudel de maçã e cereja, no
mesmo nível mediano que tantas outras casas da cidade ostentam sem nem a metade da
história e tradição. E ainda cobrando mais.
josimar@basilico.com.br
CAVERNA BUGRE
Avaliação: regular
Endereço: r. Teodoro
Sampaio, 334, Pinheiros, tel.
0/xx/11/ 3085-6984
Funcionamento: seg. a qui.,
das 11h às 15h30 e das 18h às
23h30; sex., das 11h às 15h30
e das 18h às 0h; sáb., das 12h
à 0h; dom.; das 12h às 21h
Ambiente: salão recém-reformado, mas com
atmosfera antiga
Serviço: no velho estilo,
atencioso
Vinhos: fraca oferta
Cartões: A, D, M e V
Estacionamento com
manobrista: não tem
Preços: entradas, R$ 5,40 a
R$ 10,20; pratos principais, R$
16,40 a R$ 53 (duas pessoas);
sobremesas, R$ 6,60 a R$ 15
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Bom e barato: Costelaria tem rodízio simples, como antigamente Índice
|