São Paulo, quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

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COMIDA

Crítica

Com foco na cozinha alemã, Caverna Bugre reabre após completar 60 anos

JOSIMAR MELO
CRÍTICA DA FOLHA

Nete ano o Caverna Bugre completa seis décadas, numa cidade com tanto lugar que não resiste seis meses. Para se engalanar para a festa, a casa ficou meses fechada, em reforma, para reabrir agora com cheiro de nova, mas sem perder um tom antigo no seu velho ambiente.
Instalado em Pinheiros e com preços razoáveis, o restaurante foi destino de vários jantares dos meus tempos de USP, quando havia um dinheirinho a mais (se era de menos, o destino era o Degas, ali perto). Há tempos sem revisitar o lugar, aproveitei a efeméride para cotejar as lembranças do passado com as exigências do presente. Um exercício cruel, que costuma trazer decepções.
O menu segue o mesmo. É uma tradição antiga. Seu fundador foi o austríaco Alexandre Garpercic, que legou o restaurante à filha Melita, quando morreu, em 1973. Esta, em 1982, o vendeu para Claudio Politchuk, funcionário desde os anos 50 e cujos filhos trabalhavam no restaurante. Com sua morte, em 1990, foram eles que assumiram o negócio, atualmente tocado por Luis, 53, e Eduardo Politchuk, 43.
Desde a inauguração, a cozinha alemã é a especialidade do restaurante, embora hoje diluída entre pratos italianos e de outras origens. O cardápio oferece eisben (joelho de porco) e kassler (costeleta de porco) com chucrute, linguiça de vitela, salsicha e batata cozida. Mas seu prato emblemático é o filé alpino, um sincretismo gastronômico composto por filé mignon e uma cobertura de copa, catupiry e provolone, gratinados, servido com arroz e um liquefeito molho inglês. Um mistura pesada (talvez não para o adolescente faminto...) em que nada funciona (a não ser a bela crosta dourada do gratinado) mas que ganhou recentemente um prêmio por votação direta do público.
Eu não votaria. Tampouco no kassler ressecado. Mas resisto ao impulso de dar uma bola preta a este cenário da minha juventude. Isso porque ainda estão no cardápio o filé à parmigiana, a pescada com molho de camarão e purê de batatas, os strudel de maçã e cereja, no mesmo nível mediano que tantas outras casas da cidade ostentam sem nem a metade da história e tradição. E ainda cobrando mais.

josimar@basilico.com.br

CAVERNA BUGRE

Avaliação: regular
Endereço: r. Teodoro Sampaio, 334, Pinheiros, tel. 0/xx/11/ 3085-6984
Funcionamento: seg. a qui., das 11h às 15h30 e das 18h às 23h30; sex., das 11h às 15h30 e das 18h às 0h; sáb., das 12h à 0h; dom.; das 12h às 21h
Ambiente: salão recém-reformado, mas com atmosfera antiga
Serviço: no velho estilo, atencioso
Vinhos: fraca oferta
Cartões: A, D, M e V
Estacionamento com manobrista: não tem Preços: entradas, R$ 5,40 a R$ 10,20; pratos principais, R$ 16,40 a R$ 53 (duas pessoas); sobremesas, R$ 6,60 a R$ 15


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