São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

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cinema

Gondry troca independentes por heróis

Francês, conhecido por "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças", estreia hoje o blockbuster "O Besouro Verde'

Diretor conta que o ator principal, o comediante Seth Rogen, tinha a palavra final na maioria das decisões no longa

FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES

"Não foi uma estrada tranquila", diz Michel Gondry, num suspiro, sobre seu primeiro blockbuster em Hollywood, "O Besouro Verde", que estreia hoje no Brasil, com cópias em 3D.
O diretor francês, mais conhecido por filmes independentes como "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças" (2004), dirige o longa de super-herói estrelado por Seth Rogen, que também coescreveu o roteiro e coproduziu com seu colega de longa data, Evan Goldberg.
"O filme é dele [Rogen]", diz Gondry, 47, à Folha. "Venho de um lugar onde o diretor tem mais palavra nas decisões finais. Mas com Seth foi diferente."
"O Besouro Verde" é baseado no personagem mascarado dos anos 30 que primeiro surgiu na rádio e migrou para os quadrinhos. Rogen faz o playboy Britt Reid, que herda do pai um jornal. Ele fica amigo de Kato, um habilidoso lutador de artes marciais, designer de carros turbinados e fazedor de café.
Os dois se juntam para combater o crime na cidade e fazer manchetes na empresa que agora ele comanda.

PERSONALIDADE FORTE
"Na maioria das vezes, Rogen tomava as decisões. Numa época, fiquei mais afastado, achei que não confiavam em mim. Depois percebi que todos se sentiram assim ao menos uma vez nas filmagens", diz. "No final, tudo convergiu para algo que todos concordaram."
Gondry já trabalhou com outros artistas de personalidades fortes, como a cantora islandesa Björk e o roteirista americano Charlie Kaufman, de "Natureza Quase Humana" (2001).
"Björk costuma trazer muitas ideias, mas sempre confia no diretor. Charlie é uma pessoa extremamente exigente, escuta muito antes de escrever, mas, quando escreve, quer estar sozinho."
"Já Rogen me respeita como pessoa, mas não vê o diretor como o autor. É normal. Ele vem de comédia, de ser humorista, de fazer TV. O diretor, para ele, não é bem um executor, mas um parceiro."
Seu longa anterior, "Rebobine, Por Favor" (2008), foi feito com US$ 20 milhões (R$ 33,4 milhões), contra os US$ 120 milhões (R$ 200,4 milhões) de "Besouro Verde".
"Tivemos mais dinheiro agora, mas queria manter o mesmo espírito dos filmes populares americanos."

SOTAQUE CONFUSO
No final dos anos 90, Gondry veio aos EUA e o primeiro roteiro no qual trabalhou foi justamente numa versão de "Besouro Verde" que nunca saiu do papel.
Para a nova produção, ele conta que levou algumas das ideias iniciais, como dar mais conteúdo à "mocinha" (Cameron Diaz, a secretária do jornal) e tom de comédia ao vilão (Christoph Waltz).
"O jeito como filmo meus atores é como eu me defino: tento ser mais ou menos invisível", disse Gondry, num inglês às vezes macarrônico.
"Minha direção, com meu sotaque, confunde as pessoas. E isso ajuda a manter a criatividade no set."


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