São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2005

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POPLOAD

Na cama com o rock

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Como você vê o amor? Os ingleses que se dispõem a ir ao cinema para assistir ao filme "9 Songs", que acabou de entrar em cartaz no Reino Unido, estão vendo assim: sexo, rock, sexo, rock, sexo, rock. No caso do rock, são imagens de shows de bandas da melhor qualidade, do tipo Franz Ferdinand, Primal Scream, Dandy Warhols. No caso do sexo, é explícito. Pornô mesmo.
A polêmica produção, a primeira a mostrar nas salas mainstream cenas de penetração a 24 quadros por segundo, carrega a assinatura do premiado e "sério" Michael Winterbottom, diretor de "A Festa Nunca Termina", "Código 46" e "Neste Mundo". Os dois últimos estiveram em cartaz em São Paulo no começo do ano.
"9 Songs" chega aos EUA em julho, em circuito restrito. No Brasil, tem estréia marcada para o final do mês que vem, mas pode ser adiado para o segundo semestre, segundo a distribuidora Lumière. O filme, no entanto, não chega a ser totalmente novidade por aqui: passou no Festival do Rio 2004.
Perto de "9 Songs", "Kids", exemplo de filme sexualmente polêmico, é um filme para... crianças. E deixa algumas dúvidas de aceitação: é muito fraco para ser um filme pornô e muito forte para não ser. O filme é vendido como "uma honesta história de amor". Mas o mote tem um adendo: "Mas alguns podem dizer que ele é uma história de amor honesta demaaaaais".
E o convite é, digamos, explícito: "Para muitos, este é um dos mais puros retratos de amor já comprometidos com o cinema. Para outros, é apenas sexo e música. Decida você mesmo".
O casal de atores que se dão de corpo (principalmente) e alma ao propósito do filme é o inglês Kieran O'Brien, 28, e a americana Margot Stilley, 21 -eles se conhecem em um show do Black Rebel Motorcycle Club e passam a ter encontros amorosos. Toda vez que há um show que os interessa, eles se encontram no clube, vêem a banda e acabam na cama. Os shows são num total de nove. E de cada apresentação o filme mostra uma música inteira, como uma marcação temporal do romance, do início ao fim.
As músicas são, pela ordem, "Whatever Happened to My Rock and Roll" (Black Rebel Motorcycle Club), "C'mon C'mon" (Von Bondies), "Fallen Angel" (Elbow), "Movin'On Up" (Primal Scream), "The Last High" (Dandy Warhols), "Slow Life" (Super Furry Animals), "Jacqueline" (Franz Ferdinand) e "Love Burns" (Black Rebel Motorcycle Club, de novo.)
O filme ousado (demais) teve um certo preço para a atriz. Na Carolina do Norte, seu Estado natal, a família sofre com a imprensa-guerrilha. O pai é seguido por paparazzi, os irmãos pequenos são ridicularizados na escola, a mãe religiosa tem que ouvir que tem uma "porn daughter". Mas Margot parece não estar nem aí.
Em entrevista ao jornal "The Guardian", afirmou que apenas quis contar uma história de amor sob um ângulo diferente. Nada de encontros fantásticos, músicas melosas e romance. Uma relação monogâmica, mas puramente física, de jovens apaixonados.
"O sexo é só uma metonímia do relacionamento", nas palavras dela. "A personagem é jovem, bonita, imprudente e louca. Isso atrai um amante. Não é um filme chocante. É o sexo normal que as pessoas fazem, não é pervertido."
Winterbottom não tem medo que isso prejudique a carreira dela, tanto que já a escalou para seu próximo filme. Diz que Marlon Brando não ficou marcado "pelo cara que fez o "Último Tango'". A resposta do jornal é seca: "Não, ele não ficou. Mas ele não era um cara de 21 anos sem história no cinema. Nem era mulher". A reportagem foi escrita por uma mulher.

Kings of Leon
A revista "Rolling Stone" traz reportagem sobre o jovem grupo de country punk Kings of Leon, que saiu dos cafundós religiosos do Tennessee para a cena pop e chega agora ao segundo disco (nos EUA). A publicação insinua que os meninos da família do pastor Followill estão vivendo plenamente a fantasia do rock e sua "boa vida", enfiados em festas regadas a modelos.

Franz Ferdinand
A revista francesa "Les Inrockuptibles" elegeu como a melhor banda de 2004 o quarteto escocês liderado pelo figura Alex Kapranos. Em entrevista à revista, Kapranos contou que só agora está se dando bem com as mulheres.


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