DA REPORTAGEM LOCAL

Carlos Saldanha diz que "Robôs" deu trabalho. Pois o "trabalho" é perceptível. Logo nas primeiras cenas do longa-metragem, somos apresentados à fantástica cidade de Robópolis, povoada por andróides de última geração e, como em toda metrópole, por alguns outros, digamos, de penúltima geração.
O jovem Rodney Lataria (Ewan McGregor) é um deles. Nascido -na verdade, montado- em uma família humilde, o garoto-robô passa a infância tendo de se contentar com "upgrades" de segunda mão, geralmente peças de ferro-velho, versão futurista das roupas passadas de geração em geração nas famílias pobres.
Graças aos esforços e à educação dos pais, Rodney consegue uma passagem para a cidade para correr atrás de seu sonho: tornar-se inventor, como o Grande Soldador (Mel Brooks).
Chegando lá, como um típico caipira, depara-se com o descrédito alheio e com os problemas dos Enferrujados, que correm o risco de ser derretidos pelo dono de uma fábrica de novos robôs que busca substituir todas as "peças" do mercado -limpeza étnica, sim.
Parece infantil? E é. Não há aqui as tantas jogadinhas de duplo sentido e humor mais adulto que pipocam em filmes como "Shrek". A fonte de referências, em "Robôs", está mais nas grandes histórias infantis, como "Pinóquio" e "O Mágico de Oz", do que no imaginário pop dos "sitcoms" -ainda que, no terreno da TV, dê até para se lembrar das divertidas engenhocas do programa "Rá-Tim-Bum", da TV Cultura.
Pois ser puro e "obsoleto" é talvez o trunfo e a principal fraqueza de "Robôs" perante às espertas e sempre tentadoras ofertas da concorrência. (DA)

Robôs
Robots
   
Direção: Chris Wedge e Carlos Saldanha
Produção: EUA, 2005
Quando: a partir de hoje nos cines Anália Franco, Eldorado, Interlagos, Paulista e circuito