São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2005

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CINEMA

"Como Era Gostoso" revive a pornochanchada

XICO SÁ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Relevante na educação sentimental de quem ronda hoje na casa dos 40, a pornochanchada tem merecida sessão de gala, diariamente, no Canal Brasil: "Como Era Gostoso o Nosso Cinema", título que brinca com o canibalismo de Nelson Pereira dos Santos em "Como Era Gostoso o Meu Francês", filme de 1971.
Nesta madrugada, passa "Engraçadinha" (81), que pende mais para a pornotragédia familiar, como no livro homônimo de Nelson Rodrigues, do que para a sacanagem ingênua e canalha da maioria das produções do gênero realizadas nas décadas de 1970 e 80.
Dirigido por Haroldo Marinho Barbosa, o filme tem Lucélia Santos como a protagonista, uma menina que põe a ferver o sangue dos homens ao seu derredor. O pai quer casá-la com um bonzinho, Zózimo, mas ela é arriada mesmo por Sílvio, primo que bole com a sua libido e sem-vergonhice.
A mesma atriz branquinha mignon que nos deu uma das melhores cenas de sexo de todas as eras, na fábula sobre ética e sacanagem "Bonitinha, Mas Ordinária" (81), tragédia carioca do mesmo autor. Exterior, forte chuva: ela é currada por quatro homens negros e se delicia na perversidade.
Para quem viveu essa fase de um cinema com mais testosterona, a sessão sacana do Canal Brasil é, quase sempre, ótima nostalgia precoce. Os mais moços têm a chance de ver clássicos do gênero como "O Bem Dotado - O Homem de Itu" (77), com Nuno Leal Maia e Aldine Muller. Um ator quase onipresente nas madrugadas quentes é Carlo Mossy, outro gênio do ramo. Helena Ramos, deusa da época, também sempre comparece na programação.
"Como Era Gostoso..." mostra mulheres de um tempo em que não havia a paranóia dos corpos certinhos e ossudos. Tempo em que os homens nem sabiam a diferença entre estria e celulite.


Como Era Gostoso o Nosso Cinema
Quando:
de seg. a sex., à 0h30; sáb. e dom., à 1h, no Canal Brasil


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