|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica/"Coleção Gene Wilder"
Caixa capta fase ingênua do besteirol norte-americano
Pacote tem "O Irmão Mais Esperto de Sherlock Holmes", estréia de Wilder na direção
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Johnny Depp tinha apenas oito anos quando o
extravagante Willy
Wonka, o personagem que interpretaria aos 42, nasceu para
o cinema na caracterização de
Gene Wilder em "A Fantástica
Fábrica de Chocolate" (1971).
Wonka deu um empurrãozinho para que Wilder -então
com 38 e já indicado ao Oscar
de coadjuvante por "Primavera
para Hitler" (1968)- prosseguisse no caminho para o primeiro time da comédia norte-americana, ao qual chegaria
com Mel Brooks em "Banzé no
Oeste" (1974) e "O Jovem Frankenstein" (1974), que lhe valeu
também indicação ao Oscar de
roteiro.
Estava no auge da popularidade, portanto, quando estrelou os três longas reunidos na
"Coleção Gene Wilder". Eles
congelam um momento ainda
ingênuo do besteirol norte-americano, imediatamente anterior ao humor mais cáustico
que seria levado ao cinema por
egressos do programa de TV
"Saturday Night Live".
Em "O Irmão Mais Esperto
de Sherlock Holmes" (1975),
estréia de Wilder na direção,
aparecem também outros integrantes da então bem-sucedida
companhia informal liderada
por Brooks, como Marty Feldman, Dom DeLuise e Madeline
Kahn.
Na paródia, ambientada em
1891, o detetive criado pelo escritor Arthur Conan Doyle -e
que, na verdade, se chamaria
"Sheer Luck", "sorte pura"- se
afasta por alguns dias de Londres e indica Sigerson Holmes
(Wilder), seu rancoroso irmão
caçula e também detetive, para
resolver um caso.
As trapalhadas de Sigerson
sacodem a cidade, assim como
Rudy Valentine faz com a Los
Angeles dos anos 20 em "O
Maior Amante do Mundo"
(1977), também dirigido por
Wilder. Como a Paramount tinha Rodolfo Valentino, outro
estúdio lança um concurso para encontrar um rival -e o mais
insólito dos concorrentes é um
confeiteiro (adivinhe quem)
com pinta de anti-galã e aquele
cabelo, digamos, difícil.
Já "O Expresso de Chicago"
(1976) percorria outra trilha
em sua carreira, inserindo humor refinado em trama de
ação, extraída pelo diretor Arthur Hiller ("Love Story") e pelo roteirista Colin Higgins
("Ensina-me a Viver") do cruzamento entre "A Dama Oculta" (1939) e "Intriga Internacional" (1959), ambos de Alfred
Hitchcock.
Wilder faz um editor que embarca em Los Angeles para uma
viagem de trem, de dois dias e
meio, até Chicago. No caminho,
romance com uma secretária
(Jill Clayburgh), um crime e
uma sucessão de mal-entendidos. Wonka quis ser Cary Grant
-e não se saiu mal.
Texto Anterior: Lojas cariocas são inspiração para nova Livraria da Vila, instalada nos Jardins Próximo Texto: Filmes da caixa Índice
|