São Paulo, domingo, 18 de março de 2007

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Crítica/"Coleção Gene Wilder"

Caixa capta fase ingênua do besteirol norte-americano

Pacote tem "O Irmão Mais Esperto de Sherlock Holmes", estréia de Wilder na direção

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Johnny Depp tinha apenas oito anos quando o extravagante Willy Wonka, o personagem que interpretaria aos 42, nasceu para o cinema na caracterização de Gene Wilder em "A Fantástica Fábrica de Chocolate" (1971).
Wonka deu um empurrãozinho para que Wilder -então com 38 e já indicado ao Oscar de coadjuvante por "Primavera para Hitler" (1968)- prosseguisse no caminho para o primeiro time da comédia norte-americana, ao qual chegaria com Mel Brooks em "Banzé no Oeste" (1974) e "O Jovem Frankenstein" (1974), que lhe valeu também indicação ao Oscar de roteiro.
Estava no auge da popularidade, portanto, quando estrelou os três longas reunidos na "Coleção Gene Wilder". Eles congelam um momento ainda ingênuo do besteirol norte-americano, imediatamente anterior ao humor mais cáustico que seria levado ao cinema por egressos do programa de TV "Saturday Night Live".
Em "O Irmão Mais Esperto de Sherlock Holmes" (1975), estréia de Wilder na direção, aparecem também outros integrantes da então bem-sucedida companhia informal liderada por Brooks, como Marty Feldman, Dom DeLuise e Madeline Kahn.
Na paródia, ambientada em 1891, o detetive criado pelo escritor Arthur Conan Doyle -e que, na verdade, se chamaria "Sheer Luck", "sorte pura"- se afasta por alguns dias de Londres e indica Sigerson Holmes (Wilder), seu rancoroso irmão caçula e também detetive, para resolver um caso.
As trapalhadas de Sigerson sacodem a cidade, assim como Rudy Valentine faz com a Los Angeles dos anos 20 em "O Maior Amante do Mundo" (1977), também dirigido por Wilder. Como a Paramount tinha Rodolfo Valentino, outro estúdio lança um concurso para encontrar um rival -e o mais insólito dos concorrentes é um confeiteiro (adivinhe quem) com pinta de anti-galã e aquele cabelo, digamos, difícil.
Já "O Expresso de Chicago" (1976) percorria outra trilha em sua carreira, inserindo humor refinado em trama de ação, extraída pelo diretor Arthur Hiller ("Love Story") e pelo roteirista Colin Higgins ("Ensina-me a Viver") do cruzamento entre "A Dama Oculta" (1939) e "Intriga Internacional" (1959), ambos de Alfred Hitchcock.
Wilder faz um editor que embarca em Los Angeles para uma viagem de trem, de dois dias e meio, até Chicago. No caminho, romance com uma secretária (Jill Clayburgh), um crime e uma sucessão de mal-entendidos. Wonka quis ser Cary Grant -e não se saiu mal.


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