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Stooges retornam crus e estúpidos
Com "The Weirdness", o grupo liderado pelo vocalista Iggy Pop lança disco de inéditas após hiato de mais de 30 anos
Álbum que acaba de chegar às lojas do Brasil conserva sonoridade bruta e primária da banda e foi produzido pelo dogmático Steve Albini
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
A influência dos Stooges
para o rock é inversamente proporcional à
quantidade de discos vendidos
nos anos 60/70, na primeira
encarnação da banda. Muito
devido à crueza e agressividade
de suas músicas. Após mais de
30 anos, engana-se quem imaginava que as arestas seriam lapidadas. "The Weirdness", que
acaba de chegar às lojas brasileiras, é tão bruto e direto
quanto os seus antecessores.
Este quarto álbum interrompe uma hibernação que durava
34 anos, desde o problemático
lançamento de "Raw Power",
em 1973. Se na época a banda
estava se esfacelando, com Iggy
Pop sendo consumido pela heroína, hoje os Stooges voltaram
reabilitados -Iggy Pop disse no
mês passado ao "New York Times" que seu abuso são duas taças de Bordeaux por dia.
Em 1974, os Stooges terminavam uma história que havia
começado em 1967 e gerado
discos ("Stooges", de 1969, e
"Fun House", de 70) e faixas
("1969"; "TV Eye", "I Wanna Be
Your Dog") emblemáticas.
Em retrospectiva, entende-se por que os Stooges não vingaram nos anos 60/70 -eram
totalmente diferentes do que
havia na música pop da época.
Estavam distantes da sofisticação melódica dos Beach
Boys, das inovações propostas
pelos Beatles, das viagens psicodélicas, das transformações
impulsionadas pela contracultura. Os Stooges não entraram
no sonho flower power -eram
céticos, cínicos e valentões.
"Raw Power" levou ao fim
dos Stooges e empurrou Iggy
Pop em carreira solo. O vocalista voltou a se reunir com os irmãos Asheton (Scott na bateria) nas gravações de "Skull
Ring" (03). Pipocaram convites
para um retorno da banda, e o
trio voltou aos shows, com Mike Watt no baixo.
"Não tinha mais o que fazer
sozinho", disse Iggy, sobre a
volta. "Nós conseguimos permanecer numa banda por um
bom período em que estávamos por baixo", disse, lembrando o início dos Stooges. "São os
únicos caras que conheço."
Para fazer "The Weirdness",
contrataram Steve Albini, um
produtor conhecido por seu
dogmatismo: grava tudo ao vivo, sem mascarar falhas com
truques e sem utilizar efeitos.
Se os Stooges já faziam música bruta, aqui o resultado é um
rock intencionalmente primário. Mas música primária e bruta é muito mais comum hoje, e
sente-se falta no álbum da sensação de urgência das canções,
de riffs realmente marcantes.
Sem falar nas letras, quase
todas bobas e estúpidas ("Meu
pinto está se transformando
numa árvore"???). Um bom
achado é "My Idea of Fun": áspera sem ser simplória. Como
nos velhos tempos.
THE WEIRDNESS
Artista: The Stooges
Lançamento: EMI
Quanto: R$ 35, em média
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