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Heróis e seriados pontuam mostra de Romagnolo
Destaque da geração 80, artista ganha maior retrospectiva de sua carreira, incluindo obras sobre "Batman & Robin" e "A Feiticeira"
Exposição no Tomie Ohtake tem cerca de 80 pinturas, esculturas e vídeos; obras buscam "poesia feita com as coisas que estão ao redor"
JULIANA NADIN
DO GUIA DA FOLHA
É preciso se distanciar do
quadro para enxergar o Batmóvel entre pinceladas desconexas. A ideia do artista plástico
Sergio Romagnolo, 51, de sobrepor nas telas imagens como
se fossem frames de uma narrativa nasceu ao assistir a um filme em 3D ainda nos anos 80.
"No meio da sessão, tirei
aqueles óculos, e as imagens ficaram se mexendo, meio embaralhadas. Era aquilo o que eu
queria pintar", lembra o artista,
nome forte da geração 80 que
ganha a maior retrospectiva de
sua carreira com cerca de 80
pinturas, esculturas, vídeos e
desenhos a partir de hoje no
Instituto Tomie Ohtake.
Próximos dos quadros sobre
o seriado "Batman & Robin",
feitos em 1983, estão outros
mais recentes, de 2008, dedicados também a uma série norte-americana, desta vez "A Feiticeira". As sobreposições e também as representações de símbolos do universo pop, que
acompanham Romagnolo por
seus quase 30 anos de carreira,
ainda estão lá.
"Ele trata a imagem de um
ponto de vista conceitual", comenta o crítico de arte e curador da mostra Agnaldo Farias.
"Suas obras falam sobre a criação dos mitos contemporâneos
ou de como eles se banalizam,
viram algo prosaico", enfatiza.
Em outra sala, super-heróis
estão representados em situações alegóricas. Pintados com
contornos ultradelimitados,
dialogam com as esculturas à
sua frente. É como se os elementos saíssem dos quadros e
pulassem para a tridimensionalidade. "Naquela época, eu
fazia quase uma pintura de escultor. Foi natural ter partido
para outro suporte", explica
Romagnolo.
Imagens desfeitas
Executadas entre 1976 e
1986, as pinceladas deram lugar
às esculturas até o ano de 1996.
Moldados em argila e recobertos por plástico colorido, os tijolos, violões ou profetas esculpidos pelo artista ganham ar de
mal-acabados; são imagens um
tanto desfeitas.
Atualmente, Romagnolo cria
com os dois suportes, sempre
em busca de "poesia feita com
as coisas que estão ao redor",
como ele próprio define.
Na mesma data de abertura
da mostra, o californiano Bob
Nugent apresenta no Tomie
Ohtake uma pintura de cem
metros de comprimento, que
percorre salas e corredores
com cores densas e expressionismo lírico. A obra traz registros de suas viagens pela floresta amazônica e fica exposta até
3 de maio.
SERGIO ROMAGNOLO - O
CORPO DENSO DA IMAGEM
Quando: abertura hoje, às 20h; de ter. a
dom., das 11h às 20h; até 10/5
Onde: Instituto Tomie Ohtake (r. Coropés, 88, tel. 0/xx/11/2245-1900)
Quanto: entrada franca
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