São Paulo, quarta-feira, 18 de março de 2009

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Heróis e seriados pontuam mostra de Romagnolo

Destaque da geração 80, artista ganha maior retrospectiva de sua carreira, incluindo obras sobre "Batman & Robin" e "A Feiticeira"

Exposição no Tomie Ohtake tem cerca de 80 pinturas, esculturas e vídeos; obras buscam "poesia feita com as coisas que estão ao redor"

JULIANA NADIN
DO GUIA DA FOLHA

É preciso se distanciar do quadro para enxergar o Batmóvel entre pinceladas desconexas. A ideia do artista plástico Sergio Romagnolo, 51, de sobrepor nas telas imagens como se fossem frames de uma narrativa nasceu ao assistir a um filme em 3D ainda nos anos 80. "No meio da sessão, tirei aqueles óculos, e as imagens ficaram se mexendo, meio embaralhadas. Era aquilo o que eu queria pintar", lembra o artista, nome forte da geração 80 que ganha a maior retrospectiva de sua carreira com cerca de 80 pinturas, esculturas, vídeos e desenhos a partir de hoje no Instituto Tomie Ohtake.
Próximos dos quadros sobre o seriado "Batman & Robin", feitos em 1983, estão outros mais recentes, de 2008, dedicados também a uma série norte-americana, desta vez "A Feiticeira". As sobreposições e também as representações de símbolos do universo pop, que acompanham Romagnolo por seus quase 30 anos de carreira, ainda estão lá.
"Ele trata a imagem de um ponto de vista conceitual", comenta o crítico de arte e curador da mostra Agnaldo Farias. "Suas obras falam sobre a criação dos mitos contemporâneos ou de como eles se banalizam, viram algo prosaico", enfatiza. Em outra sala, super-heróis estão representados em situações alegóricas. Pintados com contornos ultradelimitados, dialogam com as esculturas à sua frente. É como se os elementos saíssem dos quadros e pulassem para a tridimensionalidade. "Naquela época, eu fazia quase uma pintura de escultor. Foi natural ter partido para outro suporte", explica Romagnolo.

Imagens desfeitas
Executadas entre 1976 e 1986, as pinceladas deram lugar às esculturas até o ano de 1996. Moldados em argila e recobertos por plástico colorido, os tijolos, violões ou profetas esculpidos pelo artista ganham ar de mal-acabados; são imagens um tanto desfeitas.
Atualmente, Romagnolo cria com os dois suportes, sempre em busca de "poesia feita com as coisas que estão ao redor", como ele próprio define. Na mesma data de abertura da mostra, o californiano Bob Nugent apresenta no Tomie Ohtake uma pintura de cem metros de comprimento, que percorre salas e corredores com cores densas e expressionismo lírico. A obra traz registros de suas viagens pela floresta amazônica e fica exposta até 3 de maio.


SERGIO ROMAGNOLO - O CORPO DENSO DA IMAGEM

Quando: abertura hoje, às 20h; de ter. a dom., das 11h às 20h; até 10/5
Onde: Instituto Tomie Ohtake (r. Coropés, 88, tel. 0/xx/11/2245-1900)
Quanto: entrada franca



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